Os moradores das comunidades de Vila Esperança e Cabocó, no bairro do Monteiro, saíram um pouco mais tranquilos da audiência pública sobre o projeto Capibaribe Melhor, realizada hoje pela manhã, na Alepe.
O coordenador do projeto, Guilherme Tavares, informou que as obras dos habitacionais e viaduto a serem construídos na área começam em setembro e até lá não haverá ações judiciais para desapropriações.
Como as dúvidas das 239 famílias a saírem da área ainda são muitas, inclusive sobre questões pontuais, o deputado Daniel Coelho, que solicitou a audiência, vai encaminhar documento oficial à URB para que os casos sejam esclarecidos um a um. “O sentimento de abandono dessas pessoas é grande.
Ninguém quer sair de onde está para um lugar pior, portanto é importante que esse processo seja muito discutido”, salientou, diante da inquietação dos participantes do encontro.
Advogado das comunidades, Wanderson Florêncio explicou que o acordo inicial da Prefeitura do Recife era remover as famílias diretamente para habitacionais a serem construídos em áreas próximas . “Agora vieram com proposta de indenizações irrisórias ou auxílio-moradia de R$ 150,00 e a população não aceita, pois quer continuar morando com dignidade”, disse ele, lembrando que o Monteiro é uma área muito valorizada.
Apesar disso, uma moradora (presente na audiência) foi notificada para sair sob indenização de apenas R$ 12 mil.
Guilherme Tavares disse desconhecer ações judiciais no projeto e salientou que tudo está sendo feito dentro da lei. “As indenizações acompanham o valor de mercado, mas no caso de terrenos de marinha ou invadidos só as casas podem ser indenizadas, é a lei”, explicou. “Mas os moradores podem contestar, tentar negociar, e, se for preciso, acionar a Justiça”.
Segundo ele, como as áreas são Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) todo o estudo de impacto ambiental foi feito e tudo está devidamente licenciado e as obras devem durar 18 meses após o início.
Os moradores presentes registraram que estão dispostos a saírem de suas casas, mas só se puderem continuar com a qualidade de vida que têm hoje, morando em casa de alvenaria, em área urbanizada e com acesso a diversos serviços.
Caso contrário, haverá resistência. “Queremos respeito e acompanhamento desse projeto que muda o tempo todo”, resumiu André Catanhêde, da ONG Recapibaribe.