Por Helder Lopes, militante do PT As prévias do PT bem que poderiam ser uma ótima oportunidade para anteciparmos a discussão de projetos políticos e administrativos para o Recife.

João da Costa e Maurício Rands disputam o direito de representar o partido preferido por mais de 80% do recifenses que, segundo a pesquisa encomendada pelo Jornal do Commercio ao Instituto Maurício de Nassau, declararam apoiar algum partido político.

Justamente pela alta receptividade do Partido dos Trabalhadores na sociedade é que oposição e demais partidos prendem a respiração e aguardam ansiosos pela decisão dos militantes filiados ao PT.

Antecipar o debate político não significa antecipar o debate eleitoral, absolutamente.

O debate político e programático enriquece e valoriza o embate eleitoral.

De um lado, o prefeito João da Costa e seus aliados defendem a continuidade do projeto em curso.

Defendem a manutenção das políticas de habitação, de participação popular, dos ciclos populares, do Orçamento Participativo, das obras e manobras estruturadoras.

Na “Mensagem de Governo 2012”, lida no plenário da Câmara Municipal pelo então secretário Henrique Leite, João da Costa apresentou os quatro eixos que orientam as ações de seu governo: (1) Gestão Democrática e Eficiente; (2) Políticas sociais; (3) Desenvolvimento Urbano e Ambiental; e (4) Desenvolvimento Econômico.

Porém, bem mais simples que isso, desde que chegou ao governo João da Costa não esconde qual é o grande pressuposto de suas ações: “governo para toda a cidade, mas tenho um lado”, o lado dos que nunca tinham tido vez e voz na cidade do Recife.

A avaliação, portanto, sobre se João da Costa é ou não o petista mais indicado para disputar as eleições de outubro deve ser feita a partir desses elementos. “É alguém que defende esse ponto de vista que eu quero ver governando minha cidade?” deve ser a pergunta número um antes da escolha.

Depois, sugiro, deve-se comparar o que se fez ou se deixou de fazer segundo as prioridades defendidas publicamente pelo gestor.

Ao contrário disso, porém, de que critérios podemos nos valer para optar ou não por Maurício Rands?

Não lembro de ter ouvido ou lido, sequer, uma só vez em nenhum lugar a opinião de Rands sobre alguma questão prática, objetiva, da cidade.

As prévias, que serviriam para dar opções aos petistas sobre que projeto de cidade esperam, estão sendo usadas exclusivamente para agredir e desqualificar não apenas o prefeito, que está sujeito à críticas, sim, mas a pessoa de João da Costa.

Na semana anterior a da prévia vencida por João da Costa e anulada pela Executiva Nacional do PT, apesar de comprovadamente não ter havido fraudes, recebi por baixo da porta um bonito panfleto num envelope transparente com o número de Rands e uma grande fotografia sua ao lado de Humberto Costa e João Paulo.

Na parte de dentro, mais fotografias e um pequeno texto que apresentaria os motivos para se votar nele: (1) apoiado por João Paulo; (2) apoiado por Humberto; e (3) apoiado por Múcio, vereador.

Que decepção.

Esses são os argumentos que confrontam com o “lado” defendido pelo prefeito?

De fato, agora fica bem mais claro o verdadeiro motivo para Rands e seu grupo evitar o debate previsto para aquela semana.

Superada a primeira derrota do dia 20 de maio, esperava-se que, finalmente, o pré-candidato carregador de pastas de Eduardo Campos se daria ao trabalho de ao menos justificar sua postulação.

Mas não.

Ao invés disso o que se viu foram cartazes e trechos de filmes, como os publicados no Blog de Jamildo, que, sem dúvida, daria o mesmo ou ainda mais espaço para o candidato a candidato mostrar realmente o que interessa.

Certa vez, nesse mesmo blog, vi uma piada que muito se conta nos bastidores do PT, e diz que pelo número de escritores e pseudointelectuais que declararam apoio a Rands, o defensor da PPP deveria candidatar-se a membro da Academia Brasileira de Letras, não a PCR.

Mais recentemente, principalmente depois que esses intelectuais sumiram do palanque, fala-se agora em homenageá-lo no próximo Cine PE.