Foto: Guga Matos/JC Imagem Após a entrega do primeiro navio feito pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o João Cândido, com 20 meses de atraso, a Transpetro suspendeu o contrato com o empreendimento pernambucano.

Na sexta-feira (25), quando a embarcação ganhou os mares, a subsidiária da Petrobras na área de logística já havia multado o EAS, já que teve que arcar com o afretamento de embarcações enquanto aguardava o João Cândido.

O valor do encargo não foi divulgado, mas vai depender das cláusulas do contrato.

Após entrega, nesta sexta, Transpetro decide multar EAS por atrasos no João Cândido.

Jogo de cena?

Transpetro suspende contrato com o Estaleiro Atlântico Sul Com a suspensão, o Estaleiro tem até o dia 30 de agosto para encontrar um novo parceiro tecnológico, após a coreana Samsung ter se retirado da sociedade no início do ano.

Além disso, terá que apresentar um novo plano de ação, incluindo um cronograma de construção.

E a fiscalização promete ser dura.

A Transpetro vai criar um Sistema de Acompanhamento da Produção (SAP), para, como o nome já diz, acompanhar de perto da construção e os gargalos em todas as empresas que tem contratos. “Sem competência não dá, nem para o Estaleiro nem para nós.

O que interessa não é brigar para acabar um navio.

Temos que implantar uma indústria naval competitiva em nível mundia”, disse o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em entrevista ao jornal O Globo.

A estatal tem uma encomenda de 22 petroleiros ao EAS, mas suspendeu o contrato de 16, já que os outros 6 vão contar com a tecnologia da Samsung, mesmo após sua saída da sociedade, como previsto no contrato.

No fundo, a suspensão do contrato é uma questão muito mais política.

Há meses ventila-se a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff tirar Machado do comando da Transpetro exatamente por estar insatisfeita com os atrasos.

Em janeiro, ela chegou a comunicar ao PMDB que pretendia fazer a mudança, mas desistiu para não criar uma crise com a base aliada.

No ato de entrega do João Cândido, a presidente recusou o convite de comparecer ao evento e enviou a presidenta da Petrobras, Graça Foster, que entrou muda e saiu calada da cerimônia.

A dor de cabeça da indústria naval pernambucana começou logo no início da construção do João Cândido, por causa da falta de mão de obras especializada e atrasos na entrega de guindastes por causa da falência da empresa fornecedora.

No fim das contas, o EAS recebeu apenas os R$ 363 milhões estabelecido no contrato com a Transpetro, enquanto que o valor total da embarcação soma R$ 495 milhões.