O senador pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB) foi nesta terça-feira à tribuna do Senado convocar o PT e os demais partidos governistas a apoiarem uma ampla e completa investigação da Construtora Delta, um dia de após o bicheiro Carlinhos Cachoeira se negar a responder as perguntas dos parlamentares na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). “O PT do passado defenderia uma ampla investigação, que abrangesse todas as obras, em todo o País, para que não pairasse nenhuma dúvida sobre a idoneidade da empresa e também do Governo.
Acredito que boa parte dos brasileiros desejaria que o Partido dos Trabalhadores voltasse a ter aquele espírito aguerrido e, sobretudo, fiscalizador de outrora”, afirmou Jarbas. “O PT daria imensa contribuição para que o Brasil jogasse luz sobre esses subterrâneos da corrupção”.
Jarbas disse que a intensa e comprovada ligação entre o esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira e a Delta torna inevitável a convocação pela CPMI do dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish. “Na única entrevista na qual falou das acusações, Cavendish admitiu que poderia falar para uma comissão parlamentar de inquérito.
Portanto, é no mínimo suspeito que o PT e a base de apoio do Governo não apóiem essa convocação.” Para o senador pernambucano, a opinião pública brasileira precisa ver esclarecida a real participação da Construtora Delta nesse escândalo. “Nada mais apropriado que o seu principal executivo prestar as devidas explicações à CPMI do Congresso Nacional”.
A convocação da Comissão Parlamentar não deve ficar restrita apenas ao ex-diretor da Delta no Centro Oeste, Cláudio Abreu. “Não é plausível imaginar que a empreiteira tivesse uma atuação regional dissociada do comando da empresa, sediada no Rio de Janeiro”.
Jarbas Vasconcelos disse ainda que o Congresso Nacional precisa estar atento para a aquisição da Construtora Delta pelo Grupo J&F Participações. “Essa operação precisa ter completa transparência, pois ela foi realizada em tempo recorde e envolve personagens e empresas com vínculos com o Governo.
O primeiro desses vínculos é o fato de J&F ser comandado pelo Senhor Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central.
O senador observou que o vínculo governamental com essa operação fica ainda mais estreito diante da informação de que o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detém 31% do capital do frigorífico JBS/Friboi, controlado pelo J&F. “Não há quem, em sã consciência, não desconfie que essa aquisição foi operada nos bastidores pelo Governo com o objetivo de impedir uma investigação mais profunda nos arquivos da empresa”.