Apresentação corrupção View more presentations from Jamildo Melo.
Quem é mais corrupto, o homem ou a mulher?
Como as pessoas enxergam a gravidade de atitudes como comprar produtos pirateados e furar filas?
Qual o nível de corrupção na população recifense?
Buscando responder a questões deste tipo, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em conjunto com a Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), desenvolveu a pesquisa “O que você tem a ver com a corrupção?”, entrevistando 700 pessoas entre os dias 5 e 12 do último mês de março em dez cidades da Região Metropolitana do Recife.
Os entrevistados compreendem um grupo de homens e mulheres com 16 anos ou mais, de diferentes faixas de renda e nível de escolaridade.
Os resultados são reveladores.
Diante do questionamento “você pratica algum ato de corrupção?”, revelou-se algumas particularidades.
Enquanto 74,25% das mulheres responderam que nunca exercem atitudes corruptas, 70,45% dos homens deram a mesma resposta.
Para homens e mulheres o ato de corrupção mais grave envolve a compra de votos por políticos em campanha eleitoral.
No entanto, atos de corrupção cotidianos como baixar músicas, livros de sites da Internet e comprar produtos piratas são considerados aceitáveis pela maioria dos entrevistados (55,25% e 45,92%, respectivamente).
Um número expressivo, inclusive, considera as atitudes corretas: 28,43% acreditam ser adequado adquirir músicas e livros pela rede mundial e 7,14% concordam com a compra de CD’s e DVD’s pirateados.
Por outro lado, filar respostas de uma prova é encarado como ação de corrupção grave pela maior parte da população (76,31% classificam como atitude grave ou muito grave).
Aqueles que furam filas são vistos por 92% dos entrevistados como graves corruptos.
Ainda foram envolvidas temáticas de corrupção na relação do indivíduo com o Estado ou com os seus representantes, envolvendo temáticas como pagamentos de propinas a policiais para não receber multas de trânsito e usar informações falsas no imposto de renda que são apontados como atos de alta gravidade.
As duas atitudes foram apontadas pela maioria com atitudes graves ou muito graves.
Já a compra de votos utilizando verba pública em períodos eleitorais possui a maior rejeição e produziu a marca de 76,53% das respostas, classificando a atitude como muito grave. “A pesquisa dispõe de análise detalhada dos dados envolvendo exame de números em relação à gênero, faixa etária, nível de renda e escolaridade, propiciando um ponto de apoio à compreensão da corrupção e seu entendimento pela sociedade.
Os dados levantam reflexão sobre diversas temáticas e trazem observações apontando que a corrupção oriunda da política nacional é menos tolerada do que atos de corrupção que permeiam o cotidiano, onde os agentes são mais próximos”, diz o professor Uranilson Carvalho, do Gemepe, que cuidou da metodologia.
Outra observação possível é que o conceito de corrupção é “flexibilizado” quando há vantagens pessoais ou quando é prática recorrente no meio.
Para o Promotor de Justiça Maviael Souza, coordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (CAOP – Patrimônio Público), a pesquisa é importante, pois reflete em grande parte práticas da sociedade e traz à tona atividades dos dias atuais. “Trata-se de uma iniciativa realizada de forma competente e que deve contribuir para alertar a sociedade civil e o Estado. É um alerta de que é importante devotar atenção às questões éticas e garantir constante investimento em educação”, avalia.
O levantamento integra as ações da campanha permanente “O que você tem a ver com a corrupção?”, um movimento nacional que em Pernambuco é comandado pelo MPPE.
O coordenador da campanha é o Promotor de Justiça Maviael Souza.
Foram consultados moradores das cidades de Recife, Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Abreu e Lima, Igarassu, Moreno, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca.
Desenvolvida pelo Grupo de Estudo do Macroambiente Empresarial de Pernambuco (Gemepe) da Fafire e coordenada pelo professor Uranilson Carvalho, a metodologia respeitou quota proporcional ao número de moradores de cada município, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).