Por Jamildo Melo Não se sabe como a população vai ler essa confusão das prévias do PT.

Mas, na minha opinião, no plano político, por vias tortas, a fratura do PT no Recife, estampada no resultado das prévias realizadas neste domingo, pode acabar acelerando o processo eleitoral na capital pernambucana.

O governador Eduardo Campos, coordenador maior da Frente Popular, será obrigado a se posicionar nesta semana que vem.

Não se trata de dar murro na mesa para impor sua vontade, mas não pode mais adiar sua posição.

Espera-se que o PSB venha a público e diga se marcha com João da Costa ou se terá candidato próprio.

A solução se impõe não apenas pelo prazo curto para as convenções partidárias, mas também pela pressão dos vereadores, em suas ambições proporcionais.

Não dá mais para os partidos da Frente Popular ficar apenas esperando a decisão da Nacional do PT.

Da mesma forma, com a indefinição gerada pelo resultado das prévias, o líder dos insurgentes, Armando Monteiro Neto, será igualmente obrigado a deixar o muro e apresentar o tal candidato alternativo ao nome de João da Costa.

Ele terá o apoio de Eduardo Campos ou o projeto de ambos é inconciliável, já levando em conta os cenários estaduais de 2014?

Muito já se falou que Eduardo Campos pode escalar, novamente, o ministro Fernando Bezerra Coelho para a disputa, colocando ordem na casa.

Com a indefinição, também crescem as chances de Raul Henry, do PMDB.

Com a bagunça instalada no PT, Eduardo Campos, agora próximo de Jarbas Vasconcelos, ficaria mais à vontade para operar por baixo da linha oficial (o candidato oficial do PT) e ir no paralelo (algum nome da oposição que lhe sirva de plano B).

Sim, porque a guerra sem quartel do PT no Recife não é bom presságio para ninguém no banco da situação.

Já o desempenho de João da Costa surpreende, sob qualquer ótica.

De poste, a cacique no Recife.

Bateu os figurões do partido, mais uma vez, mesmo sempre sendo acusado de estar isolado, de não eleger-se nem para síndico de prédio.

Não é que João da Costa, o filho pródigo, o João da Bosta como, com prazer, os adversários o apelidaram nas redes sociais, derrotou todos os cartolas do partido.

A vitória, entretanto, não é garantia de que o PT não entre em parafuso na capital pernambucana, agora de modo mais escancarado do que nunca.

A briga ao menos deixou claro que tudo não passa de uma imensa briga de poder, recheada com muito ego ferido.

João da Costa provou que não é mesmo um poste, para quem ainda tinha dúvida.

A prévia deixou claro também que não era apenas João Paulo que não aceitava a derrota para João da Costa de jeito nenhum. É a minha humilde opinião, mas respeito quem pensa em contrário.

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