“Diário de um combatente” traz impressões inéditas de Che Guevara entre os anos de 1956 e 1958 Livro editado pela Planeta compila anotações feitas pelo líder revolucionário durante o percurso de Sierra Maestra até Santa Clara, que culminou com a tomada de poder na ilha.

Publicado pela primeira vez em julho de 2011 na Espanha, Diário de um combatente (Planeta, 336 págs. mais dois cadernos de imagens, R$ 44,90), escrito de próprio punho pelo mito Ernesto Che Guevara entre 1956 e 1958, durante sua luta em Cuba, tem provocado barulho pelo mundo desde o seu lançamento.

Inédito, recheado de fotos do arquivo pessoal de Che e de fac-símiles de cartas nunca antes publicadas – incluindo a correspondência entre ele e Fidel Castro -, o livro compila anotações feitas por Guevara ao longo de doze cadernos de notas, durante três anos, até poucos dias antes da revolução em Cuba, no final de dezembro de 1958.

Por vezes concisos, em outras bastante detalhados, os depoimentos foram escritos desde a chegada do autor à costa oriental de Cuba, a bordo do iate Granma vindo do México, até o ato revolucionário liderado por Fidel Castro em 1º de janeiro de 1959, que culminou com a tomada do poder e com a deposição do ditador Fulgencio Batista.

Os leitores podem se perguntar por que foram precisos mais de 50 anos para que os diários desse período, que cobre o percurso de Sierra Maestra até Santa Clara, fossem publicados.

Talvez as respostas estejam nas próprias linhas escritas por Che, recheadas de comentários cáusticos e escritos em estilo brutalmente franco e sincero.

Por outro lado, trechos desses diários foram selecionados por Che na confecção daquele que talvez seja o seu livro mais famoso, Passagens da guerra revolucionária, publicado alguns anos depois da revolução em Cuba, em 1963.

Mas a maior parte de suas impressões, incluindo críticas, continuava inédita.

Fato é que todos os diários de Che, desde Diários de motocicleta – que deram origem ao filme de Walter Salles, em 2004 –, passando por sua sequência, Diários latino-americanos, até chegar às anotações de seus últimos dias de vida, na Bolívia, são exemplos extraordinários da inteligência aguda e do dom para a escrita que possuía o revolucionário argentino.

Diário de um combatente é visto como uma sequência a esses primeiros diários, retratando, portanto, o período mais maduro e que deu origem ao mito ideológico no qual ele se tornou.

Suas reflexões são cheias de autocrítica, de profunda consciência social e política e de observações honestas e conscientes sobre as pessoas e os acontecimentos ao seu redor.

Os diários foram transcritos meticulosamente pela viúva de Guevara, Aleida March, e vêm repletos de notas explicativas cuidadosamente preparadas para orientar o leitor.

Os escritos são um documento de importância histórica inequívoca, fundamental para se conhecer melhor a revolução cubana, contada pela narrativa precisa e sincera de um de seus maiores protagonistas.

Sobre o autor Ernesto Che Guevara, nascido Ernesto Rafael Guevara de La Serna em 14 de junho de 1928, em Rosário, na Argentina, foi um famoso revolucionário do século 20, bastante conhecido até hoje por lutar pela instituição de um regime socialista não apenas em Cuba, ao lado dos irmãos Fidel e Raúl Castro, mas também em outros países, como no Congo, na África e na Bolívia, onde foi preso e executado pelo exército em 1967.

Só não fala dos assassinatos cometidos pelo argentino