Gabriela López Vinícius Sobreira Neste domingo (13), as mães serão lembradas pelo seu dia.
Algumas serão idolatradas, como não poderia deixar de ser.
Não por acaso o dia delas é o segundo mais expressivo para o comércio nacional.
Um pequeno grupo delas, entretanto, não espera presentes, mas tão somente não serem insultadas o restante dos dias do ano.
São as mães de políticos, as primeiras a serem lembradas, com ou sem culpa no cartório muitas vezes, na hora do eleitor soltar um xingamento ou palavrão.
Afinal, se existe um grupo da sociedade mais xingado por tudo e por todos, os políticos estão nele.
As genitoras de líderes locais e nacionais falam como é a experiência de ser mãe de político e o que pensam sobre política, partidos e corrupção.
Descobrimos que, apesar dos muitos insultos e preconceito com a categoria, há mães orgulhosas de suas crias e com opiniões fortes sobre temas da política. “Eu me preparei para ser mãe do político Júlio” - Lúcia Couto Lóssio, 66 anos, mãe do prefeito de Petrolina, no Sertão do Estado, Júlio Lóssio (PMDB) Antes de mais nada, a senhora que afirmou a frase acima lembra que vê o prefeito de Petrolina como filho, depois é que vem o cargo de político. “Tenho orgulho por ele estar administrando a cidade, se doando para as pessoas e trabalhando pelo povo”.
Sobre a experiência relativamente nova de ser mãe de um político, a professora aposentada Lúcia Lóssio diz que não se assustou muito, uma vez que toda a família tem ligações políticas.
Ela, porém, observa: “Eu, particularmente, nunca me interessei.
Acompanho, vibro com as vitórias do meu filho, mas eu não tenho as qualidades necessárias para ser política.
E, para ela, quais são as qualidades necessárias a um líder? “Eu acho que a pessoa tem que ter muita disponibilidade, amor pela causa e saber enfrentar muitas dificuldades.
Vejo que há muitos momentos de alegria e muitos de dificuldade.
Até chegar a uma conquista, são muitas dificuldades, muitas alianças e trâmites”.
Sobre a constante descrença da população na política brasileira, dona Lúcia acha que as pessoas precisam ver além dos lados negativos. “Vejo que os políticos fazem muita coisa e só as que eles não fazem são criticadas.
Temos que fazer as coisas por ideal, não dá para agradar a todo mundo”.
Em relação às críticas que ouve do filho, ela garante: “Coração de mãe perdoa tudo e eu estou do lado dele sempre”.
E quando há discordância de ideias? “Sou mais de ouvir do que de falar.
Ouço para tomar um posicionamento, mas, quando há um divergência [de opiniões], a gente conversa e tudo sai numa boa”. “Sempre acreditei na cidadania, voto até hoje e sou totalmente contra voto em branco” - Peggy Côrte Real, 80, mãe do deputado federal por Pernambuco Jorge Côrte Real (PTB) Com 80 anos e uma lucidez impressionanete, o maior desafio para a mãe do deputado federal Jorge Côrte Real é a saudade. “Não me sinto afastada dele de maneira nenhuma, mas ele vive viajando.
Apesar disso, é muito presente na família.
Acho que consegui transmitir isso para ele”, afirma Peggy. “Sempre acreditei na cidadania, voto até hoje e sou totalmente contra voto em branco.
Acho que também passei isto para ele, porque vejo que hoje ele exerce sua cidadania se voltando para causas públicas”, diz.
Peggy confessa ainda que ficou preocupada quando o filho entrou no meio político. “Sei que existe muita corrupção, então conversei muito com ele.
Acredito que há muito político bom, mas outros tantos ruins.
Política é diferente de politicagem.
Ao mesmo tempo, sei que não dá para consertar tudo num dia só”, opina.
Sobre os constantes ataques a políticos, a dona de casa diz ficar chateada, sim, com os xingamentos e a descrença. “Parece que a gente leva um tapa.
Criou-se uma imagem muito marcada dos políticos.
Sei que um feijão podre estraga uma saca inteira de feijão, mas temos que plantar grãos bons para virar uma árvore e servir de exemplo”.
Para ela, educação é a palavra-chave para as transformações de que o País precisa. “As pessoas devem ser esclarecidas.
Infelizmente, o voto não é só um ideal, muita gente vota querendo ganhar alguma coisa”. “Vejo com muita tristeza que as pessoas estão banalizando a politicagem e a corrupção” - Clea Borges, 63, mãe da vereadora do Recife Priscila Krause (DEM) A conversa com a mãe da vereadora Priscila Krause já começou tocando em assuntos políticos.
Sobre a exposição constante na mídia e as críticas que a filha recebe, Clea demonstra maturidade. “Isto faz parte da opção que ela fez de ser política.
Não há nenhum político que não seja atacado, inclusive injustamente”, declara. “Tenho orgulho de ser mãe de uma política séria, honesta e que eu ajudei a formar”.
Questionada sobre a postura de oposição da vereadora, a dona de casa afirma que “Priscila faz o que precisa ser feito.
Quando as coisas acontecem da forma correta, vejo ela aplaudir”.
Clea conta ainda que lamenta quando a imagem de políticos sérios é manchada por generalizações. “As pessoas são sabem separar o joio do trigo”, afirma em tom enfático.
Uma pergunta inevitável em se tratando da mãe de uma das mais ferrenhas críticas da atual gestão da cidade: O que a senhora acha do PT? “A gestão do PT de hoje tem coisas boas e coisas falhas.
Há pessoas que fazem restrições seríssimas e tem quem age corretamente, mas parece que a conduta do partido como um todo segue para o lado mais negativo”, responde.
E ainda faz um apelo: “No Dia das Mães, espero que elas consigam colocar uma luz a mais na cabeça dos filhos, para clarear, porque algumas mentes estão obscuras”. “O PT veio com muita coisa boa.
Lutou muito.
Mas hoje em dia dentro do partido tem muita bandalheira, como em todo partido” - Maria Célia, 72, mãe do deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Recife, Maurício Rands (PT) A simpática dona Maria Célia, mãe do deputado federal Maurício Rands (PT) se diz orgulhosa do filho que, de acordo com ela, desde cedo mostrou tendência para a política.
A mãe coruja diz que seu trabalho como assistente social acabou influenciado o filho, que confirma a informação.
Dona Maria Célia comenta que, assim como os políticos deveriam fazer, lutou pela sociedade. “No meu cantinho, sempre trabalhei para deixar esse mundo um pouquinho melhor.” Mas ela nunca pensou em se envolver com política e, por isso, nunca se filiou a nenhum partido. “Tenho interesse por política, mas não tenho jeito para ser política”, afirmou Maria Célia, que lamenta não conseguir mais acompanhar tanto quanto acompanhava.
Aos 72 anos, Maria Célia lamenta a realidade política nacional, que estaria sendo comandada em sua maioria por pessoas egoístas. “Os políticos deveriam pensar mais no coletivo, no público, não pensar no seu próprio umbigo.” Ela disse que sempre votou nos partidos “mais puros”, elogia o passado do PT e lamenta que o partido já não se encaixe mais no perfil de grupo político em que gosta de votar. “O PT veio com muita coisa boa.
Lutou muito.
Mas hoje em dia dentro do partido tem muita bandalheira, sim, como em todo partido.” Questionada se mãe de político sofre, dona Maria Célia disse não se preocupar com os xingamentos que pode receber indiretamente, mas lamenta que falem mal do filho. “Eu sofro mesmo é com as calúnias dos nossos filhos.
Mas tenho segurança na boa índole de todos.” E o que a mãe de um político deseja no Dia das Mães?
A uma semana das prévias petistas, onde seu filho disputará com o atual prefeito a vaga para ser o candidato do PT nas eleições deste ano, Maria Célia não quis fazer campanha para Maurício.. “Não peço a vitória dele nas prévias.
Entrego nas mãos de Deus.
Que seja escolhido o melhor para o PT e principalmente para o Recife”.
E completou: “O que eu peço é que a sociedade e os políticos abram mais os olhos para a justiça social.
O presente que quero é mais justiça e mais educação.”