Nani / Onde ninguém é santo Giovanni Sandes Do Jornal do Commercio A construtora Delta tem um vínculo antigo e entranhado com o poder público em Pernambuco.

O Estado é sua terra de origem.

E a empreiteira só virou a sexta maior do Brasil porque, há meio século, teve o trampolim da extinta Telecomunicações de Pernambuco (Telpe).

Décadas depois, um dos capítulos no meio do atual escândalo em que está envolvida coloca em cena, novamente, a ligação da empresa com o Estado.

A empreiteira é acusada de cometer irregularidades graves por Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Polícia Federal.

Além de estar implicada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Curioso é que tudo só está aparecendo agora, depois do crescimento meteórico da Delta, maior executora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em 2007 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A empresa foi montada por ex-servidores do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, entre eles o engenheiro Inaldo Soares, pernambucano pai do atual presidente do conselho de administração da Delta, o recifense Fernando Cavendish.

A Delta já nasceu fazendo seus famosos tapa-buracos, questionados pela CGU por questões diversas.

Mas, apesar das obras e manutenção de estradas, a primeira grande arrancada veio de um contrato com a Telpe, antiga operadora pública de telefonia do Estado. “Em seus primeiros trabalhos, um grupo de quatro a cinco pessoas saía diariamente em um caminhão de material pré-misturado, conhecido como asfalto frio, para tapar buracos nas estradas próximas, prestando serviços ao governo estadual.

Anos depois, a partir do contrato firmado com a Telpe, operadora de telefonia do Estado, a Delta teve seu primeiro grande impulso para o sucesso.

Em um período de cinco anos, realizou obras em praticamente todos os bairros de Recife e em quase todo o Estado de Pernambuco”, registra a própria Delta, no documento sobre os 50 anos da companhia.

Com o tempo, Pernambuco e Nordeste eram insuficientes.

Em 1994 a Delta mudou para o Rio de Janeiro, atrás de contratos federais, como os da Petrobras. Àquela altura, a empreiteira já havia passado para o comando de Cavendish.

Parecia que ela tinha se afastado de Pernambuco.

Nos governos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), ela recebeu R$ 5,5 milhões.

Mas o PAC e a execução local de obras com dinheiro federal fez a Delta voltar forte a Pernambuco.