Sofri dois duros golpes, em um período de tempo muito curto.
Como não sou boxer ou lutador de MMA, demoro a assimilar.
Primeiro, foi Dom Helder (Lopes), que trocou o blog por um salário milionário em uma assessoria parlamentar na Câmara dos Deputados.
Ano de eleição é sempre assim, mas não havia o que reclamar, afinal era bom para o cara. Ótimo, então.
Agora é Daniel que parte para novos desafios, no mercado privado.
Em ambos os casos, meu sexto sentido já havia me alertado.
Aqui na redação, em me divertia, afirmando, há dois meses, para espanto de alguns, que o nosso intrépido repórter não voltaria mais.
Meu sexto sentido nunca me enganou, na vida como na reportagem.
Quando então, Daniel me liga de São Paulo, cheio de nove horas, para dar a “boa notícia”, fiquei feliz em poder incentivá-lo, participar deste momento de crescimento pessoal e profissional.
Começava um novo ciclo para ele.
Eu fechava outro ciclo, não havendo tempo senão para comemorarmos a oportunidade de renovação, em todos os sentidos.
Lamentei um pouco porque Daniel dos Guedes teria uma carreira brilhante nesta empresa, que busca passar por uma saudável oxigenação, às vezes menos lenta do que um jovem da geração y estaria disposto a esperar.
Minha parte eu fiz.
Ontem, Guedes fez menção a agradecer pela oportunidade. “Se não fosse esta chance - e tantas outras que ele me deu - não teria aprendido tanto quanto aprendi, não teria viajado tanto quanto viajei e não teria conhecido tantos lugares e tanta gente incrível”.
Que nada.
Nós cavamos as nossas oportunidades.
Não existe sorte.
Quando estamos prontos, elas se materializam.
Ontem mesmo estávamos lembrando do dia em que fui pessoalmente, na sala do diretor de Redação, Ivanildo Sampaio, com Guedes a tiracolo, pedir que prestasse atenção naquele jovem talento.
Em administração, chamam isto de feedback positivo.
Quem teme sombra, não é capaz de fazer nunca.
Guedes me chama de deveras generoso, prefiro pensar que busco sempre exercer a difícil arte da gratidão.
Sou adepto da intriga do bem. É por isto que todos saem daqui falando … bem.
Daniel ajudou a animar o blog com coberturas memoráveis, como as irreverentes abordagens na parada gay do Recife, com o multicultural Xico de Assis.
Mais recentemente, a transmissão do Baile dos Artistas.
Sei que quebramos tabus.
Com sua sensibilidade, nada ficava piegas nem grotesco.
A capacidade de se indignar é outra arma que um bom repórter não pode perder jamais.
Veja aqui.
Também aqui nos divertimos bastante bolando bordões como o Que Horror!
Ele nega a autoria, modesto que é!.
Assim, depois de dois anos e três meses, Daniel não deixou o Blog de Jamildo. É agora mais um leitor atento desta (nada, para alguns pouco) humilde coluna eletrônica.
De resto, o blog continuará sendo uma escola para quem tiver ouvidos para ouvir e olhos para ver.
Como sou de um tempo antigo, fica só a saudade (daquelas que redes sociais não amainam), de tanta gente boa que já passou por aqui como Cecília Ramos, Carol Carvalho, Chico Ludermir, Ana Laura Farias e Helder Lopes.
Mesmo à distância, torço para que estejam sempre bem e crescendo na vida.
Hora de mudanças no Blog