Por Antônio Manuel da Silva Filho Os índios nem desconfiavam, quando aqui estavam antes de 1500, mas já eram filiados ao partido comunista.

Acho que ideia de partido é restringir demais.

Melhor dizendo: eles eram genericamente esquerdistas, peles vermelhas.

Uns mais libertários que até andavam nus; outros mais alucinados que matavam seus próprios parentes e depois deliciavam-se com as vísceras.

Viviam felizes em comunidade.

Não tinham noção de limites de propriedade.

Eram quase seres imaculados e não faziam maldades uns com os outros.

Aliás, até a maldade tinha um sentido… digamos assim, bom.

Eles não eram interesseiros, mesquinhos e hipócritas como nós.

Havia certa beleza nas suas digressões.

Até porque eram digressões indígenas.

Toda aquele ar de comunhão com a natureza, punha um véu nas maldades cometidas.

Se maldade houvesse, certamente não era elemento indígena, era a manifestação humana.

A felicidade e a comunhão com o todo foi chacoalhada com a vinda dos direitistas, ou melhor, com os portugueses.

Eles vinham trazendo a opressão, a doença e os males do imperialismo.

Naquela interação indo-bucólica não havia nada disso.

Imagine que, mesmo naquelas condições pouco higiênicas em que viviam, por tomarem banho constantemente, eram límpidos e saudáveis.

E o homem branco veio.

Ganhou na força.

Deu um golpe!

E agora Peri?

Para completar a filiação partidária das esquerdas, o português trouxe o elemento negro para embelezar a pigmentação nacional.

Ali surgia o embrião da Frente Popular.

Até que os esquerdistas fugiram e constituíram uma Shangri-lá da paz, o Quilombo dos Palmares.

Os mais radicais do movimento não compreendiam as táticas usadas.

Os líderes pareciam ter traído o ideal porque lá havia escravos negros!

Aqui e ali iam surgindo os boatos das traições. Índios que se tornavam intelectuais; músicos qualificados no barroco; que bem viviam na cidade dos brancos.

Negros que formavam amizades com os direitistas europeus e brincavam com os filhos dos senhores de engenho.

Negros e índios que eram ardorosos combatentes pela fé dos brancos (sic), o catolicismo, que agora era negra e índia também.

Até o ponto de surgir um destemido negro, Henrique Dias, que foi alçado à condição de herói nacional e elevado a governador do Maranhão.

Até o ponto de surgir um valente índio atrevido chamado Felipe Camarão, o Poti, que tem seu nome gravado na memória dos heróis esquecidos do passado, cujas façanhas contra os protestantes holandeses, de tão grandiosas, um dia ainda serão plenamente conhecidas.

Aqui reside todo o problema.

Paulatinamente, o pensamento esquerdista devassou a história nacional e reescreveu a memória sob uma ótica pretensamente político-marxista.

A oposição atual, despreparada, só pensa nas próximas eleições, sem desconfiar que o poder é um mecanismo de doutrinação que se perfaz através do tempo em uma verdadeira guerra de idéias.

Sem personalidade nem objetivos, as figuras políticas aderem ao mais forte mandatário do governo, servindo de entrave com sua ignorância, às reais necessidades do povo brasileiro.

O réquiem da chamada direita é lamentável.