Da Veja.com Metade dos prefeitos contemplados na segunda fase do “Minha Casa, Minha Vida” estão na briga pela reeleição e poderão pegar carona na popularidade do programa-vitrine do governo Dilma em busca de voto.
Mais que receber dinheiro do governo federal para a construção de habitações populares, os prefeitos dos municípios selecionados na segunda fase do Minha Casa, Minha Vida ganharam uma forte bandeira de campanha para tentar se manter no cargo.
Um cruzamento de dados feito pelo site de VEJA em parceria com a ONG Contas Abertas revelou que quase metade das 2.582 cidades agraciadas no programa-vitrine de Dilma Rousseff é administrada por prefeitos que subirão ao palanque em busca da reeleição.
Nesses municípios serão construídas 45% das 107.000 unidades habitacionais que compõem a meta do programa - um investimento de mais de um bilhão de reais. “Muitos prefeitos que tentarão se reeleger vão aproveitar os dados do programa para movimentar suas campanhas”, afirma o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer.
Por serem cidades de pequeno porte, com até 50.000 habitantes, poucas têm dinheiro para desenvolver políticas públicas próprias.
Ter o nome relacionado a uma das marcas mais fortes do governo federal pode ser decisivo para os prefeitos na hora de conseguir votos.
O prefeito de Jaguaretama (CE), município de 18.000 habitantes a 245 quilômetros de Fortaleza, está convicto: vai usar o Minha Casa, Minha Vida para conquistar os eleitores. “Com certeza. É um dos melhores programas do governo federal, e nós temos pelos menos mil famílias que precisam de uma casa mais digna.
Esse programa é bom e nós vamos aproveitar”, diz Afonso Cunha Saldanha, pré-candidato pelo PMDB – partido com mais municípios contemplados no “Minha Casa, Minha Vida” e governados por prefeitos que tentarão a reeleição.
A sigla, que pertence à base governista, tem 214 municípios entre os 1.175 que reúnem essas duas características.
Nessas cidades do PMDB, serão erguidas quase 9.000 casas populares.
Em segundo lugar está o PT da presidente Dilma, com 133 cidades contempladas entre aquelas onde se tentará a reeleição.
Em terceiro vem o opositor PSDB.
O levantamento foi feito com base no cruzamento de dados da lista do Ministério das Cidades com os municípios selecionados para o programa e a relação feita pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) das localidades onde os prefeitos confirmaram a intenção de se reeleger.
Pré-candidato pelo DEM, partido da oposição, João Luís, prefeito de Jaú do Tocantins (TO), a 378 quilômetros de Palmas, tem um discurso mais ameno que seu colega de Jaguaretama. “O povo é quem sabe, a gente não vai fazer sensacionalismo”, afirma o comandante da cidade de 3.507 habitantes.
Ainda assim, para o cientista político Humberto Dantas, quando o assunto é discurso político pode-se apostar em qualquer coisa. “Sobretudo quando envolve um eleitorado que não está muito preparado nem maduro, como nessas cidades menores”, diz.
Gasto recorde – Neste ano de eleições, o Minha Casa, Minha Vida teve gasto recorde no primeiro trimestre - 5 bilhões de reais.
O montante é cinco vezes maior que o gasto no mesmo período de 2011, ano em que a execução orçamentária do programa foi quase nula.
Além disso, equivale à metade de tudo o que foi desembolsado nos últimos três anos (10,6 bilhões de reais).
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