A redescoberta dos canais do Recife, com ações urbanísticas planejadas de maneira a integrar essa rede aquática ao cotidiano da cidade.
Esta foi a principal diretriz apontada por arquitetos e urbanistas do Recife e da Holanda, que durante dois dias participaram do Workshop Recife Exchange Amsterdam (rXa), encerrado nesta sexta-feira (27) com o lançamento do projeto Árvore de Água (Water Tree), com ideias tanto do ponto de vista do planejamento físico quanto patrimonial.
A ideia é que os canais sejam reintegrados e devolvidos como espaço público, e não deixados à margem do planejamento urbanístico.
Com isso, se ganha em mobilidade, sustentabilidade e acessibilidade. “Partindo disso, conseguimos chegar à proposta da ‘Árvore de Água’, sendo os rios e canais como tronco e galhos”, explicou o paisagista Luiz Vieira, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE), um dos organizadores do evento.
Durante o estudo, a equipe fez uma projeção sobre os próximos anos do Recife, avaliando as semelhanças com Amsterdã e contemplando soluções que possam ser implantadas até 2037, quando a cidade comemora 500 anos. “A pergunta é uma só: que metrópole o Recife quer ser daqui a 25 anos?”, ressaltou Eric Van Der Kooij, urbanista da Prefeitura de Amsterdam.
A bióloga holandesa Paulien Hartog, que atua na companhia de água daquela cidade, lembrou, ainda, que é fundamental criar alternativas para integração das comunidades a esses caminhos aquáticos, promovendo eventos culturais, como festivais de verão, levando às pessoas a cuidarem e vivenciarem esses espaços.
A equipe de profissionais também se debruçou sobre a região central do Recife, sugerindo ações urbanísticas de valorização dos bairros de Santo Antônio e São José, com a criação de ‘brigadas’ para melhoria dos prédios abandonados; iluminação do patrimônio histórico, ciclovias, uso de transporte fluvial e a integração da Avenida Dantas Barreto com o Cais José Estelita, eliminando a atual separação.
Para o presidente do CAU/PE, Roberto Montezuma, o evento confirma a importância do planejamento urbano das cidades, em curto, médio e longo prazo, e mostra que é possível pensar a cidade de modo mais sistêmico. “O nosso desafio agora é levar adiante esse debate da Árvore da Água, com o envolvimento da sociedade diante dos problemas que atingem a cidade.
E o Conselho de Arquitetura e Urbanismo se propõe a ser esse ambiente para reflexão em benefício da cidade”, afirmou.
O rXa foi promovido pelo CAU/PE, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fundaj, Iphan, IAB com apoio da Arcam, Governo do Estado, Prefeitura do Recife, Porto Digital, Arq BR, Arq Debates e a ONG Eu Quero Nadar no Capibaribe.
E Você?
Além de especialistas locais, participaram Flora Van Gaalen , historiadora da Arcam; Paul Meurs, arquiteto da Delfhos; Eric Van Der Kooij, urbanista da prefeitura de Amsterdam; Paulien Hartog, bióloga/águas; Kartin Westerink, historiador; e Johannes Beuckens, urbanista.