O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi hoje (23.04) à tribuna defender investimentos em Educação, na infraestrutura do País e a realização das reformas Tributária e Trabalhista para que o Brasil tenha um desenvolvimento perene e enfrente as turbulências da economia mundial. “O vento de cruzeiro que ajudou o Brasil nos últimos anos não vai durar para sempre.
E o País precisa estar sólido para enfrentar eventuais tempestades e criar condições para crescer a taxas mais consistentes, solucionando nossos sérios obstáculos estruturais”, disse Jarbas.
O senador do PMDB afirmou que a perda de espaço do setor industrial brasileiro não é apenas decorrente da “guerra cambial” e da valorização do Real. “Atribuir, por exemplo, à apreciação cambial todos os males da indústria brasileira, como muitos estão fazendo, é um grande equívoco e, sem dúvida, uma enorme simplificação.
De igual modo, é outra grande simplificação atribuir à concorrência ‘desleal’ chinesa e de outros países asiáticos os graves problemas enfrentados por nossa indústria”, argumentou.
Num dos mais longos discursos que fez desde que chegou ao Senado, Jarbas Vasconcelos afirmou que apontar o câmbio e a China como os “grandes culpados” pelos problemas da economia brasileira – em especial da indústria – é “uma forma de justificar as seriíssimas questões estruturais não resolvidas, incompetência gerencial dos governos que se sucederam e a omissão de setores das elites brasileiras, principalmente das classes empresariais industriais”.
Para o senador, permanece no Brasil o “velho hábito do recurso fácil ao protecionismo, do crédito farto e barato às expensas do Tesouro Nacional”.
Na avaliação de Jarbas, um país com pouca capacidade de poupar e, portanto, com uma grande disposição para consumir associada a uma elevada taxa de juros, torna-se um “paraíso” para investidores estrangeiros em ações, derivativos, títulos de governo, e em empréstimos a empresários e bancos brasileiros.
Isso ocorre, segundo o senador, devido ao “absurdo spread bancário cobrado no País”.
Jarbas Vasconcelos alertou para o reaparecimento do déficit nas transações correntes do balanço de pagamentos do Brasil.
De acordo com o senador esse é um “fantasma” que assustou a economia brasileira por todos os anos 1990, e até os primeiros da década de 2000.
Só a partir de 2003, o País passou a registrar superávits nessa conta.
Esse cenário se manteve até 2007. “A partir de 2008, porém, retornaram os déficits em conta corrente, com valores expressivos: US$ 28 bilhões em 2008, US$ 24 bilhões em 2009 e US$54 bilhões entre fevereiro de 2011 e fevereiro deste ano”, argumentou. “Essa situação pode ser agravada com o retorno desejado do crescimento da economia brasileira, nesta década.
Historicamente, o Brasil tem revelado uma grande sensibilidade com relação ao crescimento das importações de bens e serviços, quando a economia registra elevados níveis de expansão do seu Produto Interno Bruto”, disse Jarbas Vasconcelos. (23.04.2012)