Por Fernando Castilho, especial para o Blog de Jamildo Apesar de ter sido criado por pessoas com origem no setor privado, especialmente no setor automobilístico do ABC de São Paulo, o Partido dos Trabalhadores incorporou também a luta dos servidores e da intelectualidade abrigadas nas universidades federias o que acabou por colocar no DNA a idéia de garantia de emprego público.

O que explica o fato de que, ao longo dos anos, o partido aprendeu a se apegar tanto a cargos públicos para fazer política prática, alias, exacerbada pelo Governo Lula que praticamente transportou o partido para o governo a ponto quase inviabiliza-lo no meio sindical.

O PT, definitivamente, gosta de um cheque salário chapa branca.

Isso talvez explique o gesto do candidato nas prévias do PT Mauricio Rands em pedir uma licença de suas funções na Casa Civil do Governo de Pernambuco quando o mais sensato seria pedir exoneração do cargo.

Sejamos práticos: o pré-candidato a disputa no partido à indicação como candidato a prefeito do Recife é deputado federal poder que, como se sabe, paga os seus salários para que preste serviços em Pernambuco, pelo fato de que os proventos de um parlamentar do Congresso Nacional serem maiores que os de um secretário de estado.

Portanto, do ponto de vista financeiro, não há por que se preocupar.

Mas parece que Rands não percebeu a dimensão da prévia em que está se envolvendo e preferiu trata-la como uma disputa meio período em que vai ali, concorre com o prefeito João da Costa e se não der certo volta para seu cargo no governo do Estado.

Ora, se vai disputar a prévio é porque deve ter, pelo menos pessoalmente, a certeza de que vai vence-la.

Até porque anuncia um arco de apoio que o credencia no caso de uma vitória colocar um pé na prefeitura do Recife uma vez que a esse apoio devem vir o do seu partido a nível estadual, a nível nacional e mais o arco da Aliança que inclui o apoio do Governador Eduardo Campos.

Se vencer, vai entrar pela porta da frente do Palácio do Campo das Princesas ungido para discutir com o governador as bases de uma aliança que visa governar a segunda maior cidade do Nordeste e cujo orçamento se aproxima do de vários estados da Região.

E sendo assim não estará adequado fazer isso na condição de secretário licenciado.

Isso na verdade apenas o vai diminuir na hora de conversar com as demais forças políticas.

Porque a disputa pela prefeitura do Recife honra e engrandece qualquer pernambucano.

Mais ainda quando como a composição de forças do PT que ele anuncia.

Não é adequado que faça essa disputa pensando numa tarefa temporária.

Até porque se perder seria constrangedor voltar ao cargo e aceitar prosseguir na tarefa o que poderia levar a interpretação que foi para a previa cumprindo tarefa de governo o que certamente não é o caso.

A conta é simples para o deputado: vencedor, a ele está reservado a disputa com chances reais de vitórias para governar a cidade que vai sediar entre outras coisas uma das bases da Copa de 2016.

A cidade do estado com maior taxa de crescimento e ainda assim ele pensa começar esse processo na condição de secretário licenciado.

E será que no caso de uma derrota o deputado federal aceitaria voltar pela porta lateral do Palácio do Governo?

Por isso talvez seja mais adequado ao deputado se despedir do Governo agora e com a dignidade de quem pretende, de fato, governar o Recife a partir de 2013.

O Recife exige dedicação integral.

E ele deve começar a se comportar assim já a partir das prévias.