Por Fernando Castilho Paul McCartney é um desses artistas que a geração que já passou dos 50 considera tão parte de suas histórias que vê-lo em casa, ou melhor, na sua cidade, faz do momento uma espécie de flashback de como boa nossa juventude.
Mais emocionante quando se vê o “velho” Paul aos 70 anos e com uma performance tão saudável no palco que faz a gente pensar: a vida ainda tem muito sentido.
E pode ser vivida com muita atividade.
Essa talvez tenha sido a sensação de milhares, eu disse milhares, de pessoas que estiveram na noite de sábado no Estádio do Arruda, a maioria levando filhos e até netos para o show do ex-Beatles que esbanjou simpatia e altíssimo grau profissionalismo com sua presença no palco.
McCartney é, definitivamente, o músico dos Beatles, porque Lennon era o mentor do grupo e o ativista político da banda.
A Lennon com sua genialidade deve ser creditada a responsabilidade de passar para a História que o grupo de cabeludos da década de 60 também sabia se posicionar politicamente naqueles anos difíceis.
A McCartney, a história reserva o lugar do musico completo – letra, música, arranjo, refinamento de finalização e presença de palco.
Mas voltemos ao show.
McCartney provou no Recife que o Brasil, definitivamente, vai entrar com 12 palcos que estão sendo construídos para Copa de 2014, a rota dos grandes eventos.
Após o evento, as pessoas já se imaginavam vendo outros espetáculos daqui a menos de dois anos, inclusive o mesmo Paul McCartney, sem ter que de adaptar a improvisação de transformar um Estádio de Futebol construído na década de 80 num espaço de shows que obriga a perda de quase metade do espaço para o público.
Mas o show de Paul também serve para se observar que aqueles cinquentões não fazem parte apenas de um grupo de ex-roqueiros hoje classificados na categoria social como Triplo A (Artrose, Artrite e Arteriosclerose), que precisaram sentar no piso por alguns momentos para descansar à coluna cervical.
Serviu para mostrar que os filhos e netos também viram fás de Paul e que agora pela fluência em inglês cantam suas musicas com mais força e emoção que os fás da geração passada.
O mais impressionante é ver como a presença fortíssima de jovens e adolescentes se emociona com as velhas músicas, acompanham sua letra em inglês fluente e choram enquanto pulam.
Pelo menos em relação a Paul, o legado dos Beatles está preservado.
Não virou cult, virou clássico e inspiração para as gerações de roqueiros que estão se formando.
Certo, é um roque balada e mais suave, mas um roque que não abre mão do solo refinado nem da pauleira do metal.
Mas e daí quem disso que Beatles não fez roque pesado?
Do show refinando de músicas escolhidas à pinça para emocionar gerações e do altíssimo grau de profissionalismo de sua banda fica a sensação de que valeu a pena ser roqueiro na juventude a som de Jonh, Paul, Ringo e Harrison.
O legado está preservado.
Por que o “velho” Paul cuida para que a música que os cinquentões de hoje curtiram não passado é tão atual como facebook, twitter e g-mail.
Fernando Castilho, 57 anos, escreve sobre economia no Jornal do Comercio do Recife.