Débora Duque // JC Online Bastou o deputado federal João Paulo (PT) declarar o apoio à candidatura do secretário estadual de Governo, Maurício Rands, na prévia do PT para a bancada de vereadores pró-João da Costa na Câmara do Recife deflagrar uma ofensiva contra o ex-padrinho político do atual prefeito.

A estratégia é ressuscitar o “caso Reciprev”, relativo a compras superfaturadas de títulos públicos federais realizada durante a gestão de João Paulo com recursos do fundo de previdência dos servidores municipais.

Em março deste ano, a primeira câmara do Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou irregulares as operações que, nos cálculos da corte, teriam causado um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões aos cofres públicos.

Em retaliação ao ex-prefeito, o grupo que defende João da Costa se mobiliza, agora, para aprovar o pedido de audiência pública sobre o tema, protocolado pela vereadora oposicionista Aline Mariano (PSDB) há um mês.

O curioso é que, na época, o requerimento nem chegou a ser votado devido ao pedido de vista feito pelo então líder da bancada governista na Câmara, Luís Eustáquio (PT), que deixou o posto para engajar-se na candidatura de Rands.

Com a audiência, o objetivo é provocar desgastes à imagem do ex-gestor, convocando todos os envolvidos nas operações consideradas fraudulentas pelo TCE.

Por trás da articulação para reavivar o caso, estariam não só o novo líder do governo, Aerto Luna (PRP), como também os vereadores Jairo Brito (PT), Osmar Ricardo (PT), Marco di Bria (PTdoB), Almir Fernando (PCdoB) e Vicente André Gomes (PSB), vice-líder da bancada.

Este último negou que o alvo seja o ex-prefeito João Paulo, mas admitiu que defenderá a aprovação da audiência. “Acho que é preciso haver um esclarecimento sobre o fato e não vejo o motivo para que isso não seja discutido”, afirmou.

Diante do apoio dos colegas, Aline Mariano pedirá o presidente da Câmara Jurandir Liberal (PT) para que coloque o requerimento em votação já na próxima semana.

A incógnita, porém, paira sobre o posicionamento a ser adotado por Jurandir, que está ao lado de João Paulo na defesa do nome de Rands.

A depender do desfecho da audiência, há possibilidade de se criar, inclusive, uma comissão parlamentar de inquérito para apurar o caso.

Benéfica para a oposição, a polêmica, entretanto, pode não ser incômoda apenas para João Paulo.

Isso porque o TCE também constatou irregularidades no manejo de recursos do Reciprev durante a gestão de João da Costa, mais precisamente em 2009, logo que assumiu o Executivo municipal.

Além do referido ano, as investigações se debruçaram sobre operações realizadas em 2004, 2006, 2007 e 2008.

Embora tenham sido apontados prejuízos ao erário em todos os casos, o TCE não chegou a indicar os responsáveis pelas movimentações fraudulentas, alegando falta de provas, e encaminhou o processo para o Ministério Público.