A ocupação e manifesto no Cais José Estelita promete defender o patrimônio público, fazer pensar um novo modelo de cidade e estimular uma socialização cada vez mais rara no Recife. Às 9h do próximo domingo (15) manifestantes irão se encontrar na rua Engenheiro José Estelita, na orla da bacia portuária do Recife.

O objetivo é marcar a posição oposta ao projeto Novo Recife, das construtoras Queiroz Galvão e Moura Dubeux, que pretendem construir 13 torres ao longo da orla.

O Ocupe Estelita surge no mesmo caminho das ocupações recentes em Wall Street, que refletiram em vários outros movimentos ao redor do mundo.

Mas, diferente do manifesto iniciado nos Estados Unidos, o Ocupe Estelita tem encerramento marcado antecipadamente, assim como um direcionamento claro da manifestação.

A proposta de ocupação do espaço urbano se estende além das 16h do domingo.

O encontro consolida uma discussão iniciada nas redes sociais sobre o modelo de urbanização e de sociabilidade que estamos adotando.

A proposta é que o manifesto proporcione uma maior ocupação do espaço físico e político no Recife. É um convite à sociedade para participar e lutar pelas mudanças que a cidade precisa.

O ato é um dos pontos importantes do grupo Direitos Urbanos de debate online, que conta hoje com mais de 2.600 membros.

O grupo tambem age acompanhando e pressionando o Ministério Público de Pernambuco, promovendo audiências públicas e debates.

A construção dos viadutos na Agamennon Magalhães é outro assunto em pauta nas discussões entre Direitos Urbanos e MPPE.

A ocupação do Cais José Estelita é uma crítica ao projeto Novo Recife.

De acordo com os manifestantes, a construção seria privatizar uma das áreas mais bonitas da cidade, impediria a contemplação da paisagem, iria de encontro às características do bairro e prejudicaria a circulação de vento na ilha de Santo Antônio.

A socióloga doutoranda e pesquisadora pela UFPE Ana Paula Portella afirma que a verticalização das residências tem como consequência um modelo de sociabilidade fechada. “Cada vez menos as pessoas socializam em espaços públicos.

Elas ficam em seus apartamentos, com pouco contato com vizinhos, saem de carro em direção ao trabalho e, quando querem se divertir, vão ao shopping.

Sempre em ambientes fechados.” A socióloga diz ainda que o momento do Recife é bom para sair de casa. “Os índices de criminalidade estão caindo, a produção cultural crescendo e temos um clima agradável.

As pessoas precisam viver mais a cidade.” A ocupação do Cais José Estelita está marcada para acontecer das 9h às 16h do próximo domingo (15).

Os manifestantes prometem, além dos debates, vivências esportivas e oficinas de arte.

Nas redes sociais, 1.400 pessoas confirmaram a presença ato público.

Flyer que será distribuído no próximo domingo: