Débora Duque/Jornal do Commercio Se no PT, a fissura interna se apresenta como um fato consumado na pré-campanha do Recife, nas oposições o contexto não é diferente.
A unidade do grupo permanece, por enquanto, apenas no plano das intenções.
A três meses do início da campanha oficial, nenhum dos quatro pré-candidatos mostrou, publicamente, qualquer sinal de recuo.
Muito pelo contrário.
Embora as articulações ainda estejam em curso, o que todos os pretensos postulantes têm buscado é emplacar suas respectivas candidaturas.
E, na falta de um critério objetivo para retirá-las em prol de algum aliado, já se admite a possibilidade de um fracionamento completo do campo oposicionista.
A mais recente demonstração dessa ordem partiu do deputado federal Mendonça Filho (DEM).
Apesar das resistências veladas ao seu nome - semeadas, inclusive, no próprio partido –, ele contrariou as especulações de que seu ingresso na disputa estava condicionado ao apoio das demais legendas.
Obstinado, disse que não foge à batalha e mostrou-se disposto a ir à “briga”, mesmo sozinho.
A ofensiva somou-se a dos demais pré-candidatos.
No intervalo de um mês, o deputado federal Raul Henry (PMDB) retomou o fôlego para participar do pleito e Raul Jungmann (PPS) oficializou, em ato, sua pré-candidatura.
Primeiro a indicar que não abriria mão da disputa, o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) vê a tese de que estaria “isolado” cair por terra junto com as chances da formação do bloquinho PMDB-DEM-PPS. “Era um discurso falso dizer que o PSDB estava afastado dos demais.
O que há são estratégias partidárias. É legítimo.
Ninguém tem o direito de pedir para o outro partido desistir”, pontuou.
Do outro lado, Jungmann ainda não descarta as chances de haver algum tipo de composição até as convenções, em junho.
Nos bastidores, comenta-se a possibilidade de o pós-comunista declarar apoio a candidatura de Henry.
No entanto, ele avisa que a postulação do PPS é “irreversível” e diz, inclusive, enxergar “vantagens” na fragmentação da oposição. “Teremos muitas vozes criticando o governo e ocupando espaços.
A desvantagem é que essas vozes, talvez, não ganhem tanta amplitude.
Mas é o que se apresenta no momento e temos que conviver com isso”, afirma.
Ao contrário dos pleitos anteriores, segundo ele, todos os candidatos da oposição encontram-se em condições políticas e financeiras “semelhantes”. “Não há candidato natural.
Não há coordenação.
Não tem como rifar ninguém, a não ser pela livre e espontânea vontade de cada um”, assinalou.
Apesar da falta de consenso, Henry é um dos que ainda apostam nas alianças.
Para ele, o ideal é que a oposição lance, no máximo, três candidatos.
Admite, porém, a dificuldade para construir uma solução comum aos demais. “Nós podemos chegar ao cenário de quatro candidaturas, mas também podemos ter menos.
Só que cada partido tenta consolidar legitimamente seu projeto e isso tem que ser respeitado”, disse.
A solução, segundo ele, é intensificar o diálogo e, claro, zelar pela boa convivência entre os quatro possíveis candidatos.
Até porque, dependendo do desfecho eleitoral, todos precisarão marchar unidos num eventual segundo turno.