Paulo Augusto/Jornal do Commercio Brigas e reviravoltas na política são extremamente comuns e fazem parte do jogo – por mais que muitas delas sejam incompreensíveis para boa parcela dos cidadãos.

Exemplo?

Quem, em sã consciência, poderia um dia imaginar que os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Collor de Melo (PTB) e José Sarney (PMDB) se defenderiam mutuamente, como se fossem companheiros de velhos tempos, da maneira que aconteceu em 2009, durante crise que se estabeleceu no Senado na ocasião?

O tempo passa, ok.

Mas não dá para esquecer que os três – 20 anos antes, durante as eleições presidenciais de 1989, um como então presidente (Sarney) e os outros dois como candidatos ao cargo (Collor e Lula) – protagonizaram uma das maiores guerras de ódio que se tem notícia na política nacional.

Pois bem!

Hoje, ainda que em dimensões menores – porém, num ritmo muito mais veloz –, é possível observar no Partido dos Trabalhadores de Pernambuco uma novela cuja sinopse envolve um vaivém de alianças e rompimentos grandes o suficiente para fazer inveja a Dias Gomes, célebre autor da consagrada Roque Santeiro, entre outras.

Embora as disputas internas no PT façam parte da própria concepção da legenda – e que Pernambuco já tenha assistido a embates envolvendo os principais nomes do partido, como o senador Humberto Costa e os deputados João Paulo e (o agora pedetista) Paulo Rubem –, as movimentações vistas nos últimos quatro anos resultam num grande questionamento não apenas para o eleitor em geral, mas para o próprio petista de carteirinha: afinal, quem está com quem?

Num resumo rápido, é possível compreender (ou não) a recente saga de intrigas, alianças e rompimentos iniciada a partir de uma “invenção”, se é que podemos assim dizer: dono de uma enorme popularidade, em 2008 o então prefeito João Paulo resolve, contra tudo e contra todos (inclusive o presidente Lula), bancar a candidatura de seu secretário de Orçamento Participativo, João da Costa, para prefeito – ainda que a corrente majoritária do partido, o Campo Majoritário (hoje CNB), comandada por Humberto Costa, apoiasse a candidatura do deputado Maurício Rands.

João Paulo vence a briga e não apenas emplaca a candidatura de João da Costa, como consegue elegê-lo no primeiro turno.

Eis que, já no ano seguinte, João Paulo inicia uma nova briga com Humberto – agora para ser candidato ao Senado.

Desta vez, ele perde.

Pior: por razões até hoje obscuras, rompe com seu afilhado político.

Rapidamente, vai do céu ao inferno.

Eis que, em 2010, ano eleitoral, uma novidade começa a surgir: Humberto e João da Costa se aproximam – praticamente isolando João Paulo, que, de favorito ao Senado, se elege “apenas” deputado federal, se distanciando do sonho majoritário.

Fim de mudanças?

Nada disso.

O quadro se mantém no primeiro semestre de 2011, mas sofre uma brusca mudança no final do ano: Humberto se afasta do prefeito e passa a cortejar…

João Paulo (!), o então “patinho feio” da história.

Chegamos a 2012.

A situação: João da Costa cada vez mais isolado – ao menos, sem caciques; Humberto e Rands lado a lado, novamente defendendo a candidatura deste último; e João Paulo decidindo o que faz.

Com uma única certeza: longe de sua “invenção”.