Terezinha Nunes Cinco anos depois de assumir o mandato, o governador Eduardo Campos anunciou esta semana a decisão de realizar a esperada licitação do sistema de transporte público na Região Metropolitana.

Apesar da demora, há que se ressaltar o avanço que a decisão do governador pode representar para mais de um milhão de pessoas que todos os dias usam os ônibus metropolitanos no deslocamento de casa para o trabalho, escolas, comércio ou em busca de lazer.

Na verdade, nesta questão de transporte público, é preciso ressaltar, em que pese os anos-luz que nos separaram de cidades bem servidas por ônibus e metrô, que coube aos dois últimos governadores – primeiro Jarbas e depois Eduardo – tirar o transporte público do caos e elevá-lo a um patamar razoável, sob todos os pontos de vista.

Ninguém desconhece as agruras, o vandalismo e a falta de respeito que nos poderia ter levado à barbárie – chegamos perto disso - que foi a inundação da RMR por milhares de kombis que invadiam as ruas todos os dias, desrespeitando a tudo e a todos, e carregando gente como se fosse gado.

Nesta época Recife parecia Bangladesh.

Houve um momento em que os chamados “kombeiros” chegaram a organizar, no mais requintado estilo de uma máfia, um sistema particular de fiscalização das kombis, usando motoqueiros armados que, tão logo flagravam um desses veículos “invadindo” as áreas de outros, obrigavam o condutor a voltar ao ponto original e despejar os passageiros onde bem entendessem.

Quando governador, Jarbas enfrentou esta anarquia a ferro e fogo e, numa operação conjunta com os municípios e comandada pelo PSDB, retirou todas as kombis do Recife, estendendo a iniciativa para outras cidades metropolitanas,e restabelecendo, de uma vez por todas, a credibilidade do sistema.

Ao mesmo tempo cuidou-se na época de, em parceria com o Banco Mundial, criar o Sistema de Consórcio Metropolitano, abrindo caminho para a licitação do sistema que hoje pode se tornar realidade.

Ainda criou o sistema de bilhetagem eletrônica, acabando com os antigos “vales” transporte, de triste memória.

Com as kombis nas ruas era impossível licitar.

As empresas concessionárias estavam quase quebradas e ter ônibus no Recife era um negócio de baixa lucratividade que poucos teriam condições de tocar de forma conveniente.

Também foi construído por Jarbas o corredor exclusivo da PE-15, permitindo que os ônibus trafegassem pela Região Metropolitana Norte sem enfrentar os terríveis engarrafamentos de até quase seis horas nos horários de pico.

Isso representou muito para os usuários?

Claro que sim, embora as pessoas tendam a esquecer com facilidade os benefícios, mesmo que sejam impactantes como foi o caso da retirada das kombis.

Alguém, de sã consciência, pode imaginar como estaríamos hoje, com a cidade parando várias vezes ao dia por conta dos engarrafamentos, se ainda tivéssemos em nossas ruas e avenidas as malfadadas kombis de outrora?

Com o sistema organizado e restabelecida a sua credibilidade, o governador Eduardo Campos pode se dedicar, depois que assumiu, a construir mais terminais e melhorar os já existentes e finalmente programar a licitação que todos esperavam.

Muitos ainda duvidam de que a licitação vá efetivamente responder a todas as necessidades da população mas já é um avanço, embora o maior avanço mesmo só se vá celebrar no dia em que o sistema de transporte público for subsidiado, como acontece hoje em todos os países que se prezam.

O Governo Lula chegou a prometer isso mas a promessa morreu no Ministério das Cidades.

CURTAS Furo – Esta coluna foi a primeira que citou o secretário de articulação do governador Eduardo Campos, Maurício Rands, como uma carta na manga do governador para acionar caso João da Costa desse sinais de inviabilidade.

Rands, inclusive, já tinha revelado aos amigos que não mais se candidataria a deputado federal e que iria abandonar a política quando cedeu aos encantos de Eduardo e passou a compor a sua equipe.

Com Lóssio – O PSDB vai manter a aliança em Petrolina com o prefeito Júlio Lóssio.

O partido é comandado no município pelo ex-prefeito Guilherme Coelho e pelo atual vice-prefeito Domingos Sávio.

O deputado federal Sérgio Guerra bateu o martelo em encontro que teve com Lóssio no Recife, no último final de semana.

Dividida – A oposição de Olinda dificilmente subirá em um mesmo palanque no primeiro turno.

O candidato a prefeito pelo PTC, Ricardo Costa, tem o apoio do PSL e do PSC.

Já o bloco formado pelo PMDB, DEM, PPS e PMN vai escolher o candidato que representará estas legendas através de uma pesquisa.

Os nomes a serem testados são os de Alf, Isabel Uquiza e Armando Sérgio.