Por Priscila Krause O último semestre de um governo antes da eleição é, de praxe, marcado por uma movimentação administrativa típica: chega a hora de os gestores colherem os frutos semeados nos três anos anteriores e, daí, ações e obras aparecem em cada esquina.
Algumas delas improvisadas sim, nem tão bem acabadas, mas estão lá: no caso de municípios, novas escolas, novos postos de saúde, creches, parques e espaços públicos, por exemplo.
No Recife do Partido dos Trabalhadores, no entanto, a terceira administração João se aproxima do quadragésimo mês mantendo sua lógica de incompetência, da ausência de resultados.
Invertendo a ordem natural dos fatores, o prefeito vai fechando as cortinas de sua gestão com pouco de concreto a mostrar.
No nono andar do Palácio Antonio Farias, a febre é assinar ordem de serviço.
Inaugurações?
Ficam para o próximo prefeito.
Sem obras de porte para cortar a fita, o João da Costa “gerente” e “conhecedor da cidade” - como clamavam João Paulo, Humberto Costa e Mauricio Rands na campanha de 2008 (tudo registrado na nossa memória postiça, o Youtube) - segue firme na agenda artificial de apresentar projetos, lançar propostas e assinar papéis que, quem sabe, se tornarão ação concreta no futuro.
Só na semana que passou, registraram-se eventos que deixam claro a artificialidade da agenda positiva imposta pela dispendiosa gestão de Comunicação municipal: “Anúncio de proposta para implantação de edifícios garagem”, na quarta, “Assinatura de Ordem de Serviço para construção de 3 CMEI’s e reforma de 9 escolas municipais”, na quinta, e “Anúncio da Apresentação de projeto da ponte da semiperimetral do Capibaribe Melhor”, hoje, sexta-feira.
Sem falar na “Ordem de Serviço para elaboração do projeto do Parque do Jiquiá”, prometido desde 2005, e o “Anúncio da recuperação de 100 praças”, os grandes eventos da semana anterior, por fim.
Um governo que convoca a imprensa para anunciar investimento de R$ 2 milhões (menos de um terço do que foi gasto na decoração do Natal 2011 e do Carnaval de 2012 pela Fundação de Cultura Cidade do Recife) na recuperação de 111 espaços públicos se esquece que está assinando ali o atestado de que durante três anos relegou a manutenção urbana - ação quase que automática para uma gestão municipal - ao segundo plano.
Também não se envergonha dos gastos exorbitantes com a política do pão e circo.
Na fantasia de João e do PT - sim, os novos opositores fizeram e fazem o governo municipal -, fala-se na entrega do Parque de Apipucos (atrasado após um tempo com as obras paradas), na recuperação dos parques do Caiara e de Santana, no “tirar a Via Mangue do papel”, na construção de 40 Centros Municipais de Educação Infantil, os CMEI’s, duas novas policlínicas, 10 mil vagas de estacionamento garagem, etc, etc.
A passos lentos, mais uma vez, são ações importantes que ficarão para o próximo gestor resolver: a era petista na Prefeitura do Recife se aproxima do fim pouco disfarçada pela maquiagem.
Restam palavras, assinaturas e só.
Priscila Krause é vereadora do Recife pelo Democratas e lidera a oposição na Câmara