A carga pesada da CTTU Por Jorge Cavalcanti, no JC desta quarta Rua do Hospício, na Boa Vista, Centro do Recife, numa tarde de quinta-feira.
Cinco caminhões estão parados à esquerda da via, para o desembarque de caixas e mais caixas de mercadorias, nas proximidades do Teatro do Parque.
Dois deles têm visivelmente mais de seis metros de comprimento e, por isso, estão proibidos de fazer a carga e descarga nos bairros da área central.
Outros dois estão de acordo com o padrão, mas não exibem no para-brisa o bilhete Zona Azul, outra exigência para a atividade.
Dos cinco veículos, apenas um cumpre as determinações da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU).
Toda a cena ocorre por volta das 15h, a cerca de 100 metros de um agente de trânsito, que conversa descansadamente próximo a uma banca de revista.
As novas normas da CTTU estavam previstas no pacote de ações do plano de trânsito, lançado em maio do ano passado, e completaram dois meses em vigor no último dia 16.
O JC retornou às ruas e avenidas de quatro bairros do Centro (Boa Vista, Recife Antigo, São José e Santo Antônio) e constatou que a operação de carga e descarga ainda precisa ser mais fiscalizada pelo órgão, para coibir irregularidades e mudar a prática de uma atividade diária.
A reportagem percorreu, por uma hora e meia, as vias estreitas do Centro e flagrou desrespeitos às leis de trânsito em sete pontos diferentes.
Apenas na Rua do Progresso, foram três casos de irregularidade.
E nenhum agente por perto.
Dois caminhões baú descarregavam, parados em fila dupla.
Apenas um trazia o bilhete Zona Azul.
Da mesma forma que um cidadão comum tem que adquirir uma folha para deixar o carro em determinados pontos do Centro, os motoristas de caminhões agora também são obrigados a pagar pelo bilhete, para uma das 139 vagas para carga e descarga.
O objetivo é o mesmo: dar um caráter rotativo à ocupação do espaço público.
O horário de funcionamento é o das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira.
Aos sábados, de 8h às 12h.
O valor do bilhete é R$ 1.
Mas os flanelinhas vendem pelo dobro do preço.
Ainda na Rua do Progresso, próximo ao Shopping Boa Vista, três caminhões faziam o desembarque de caixas.
Um deles com mais de seis metros de comprimento e outro não usava o Zona Azul, apesar de a placa de trânsito indicar a obrigatoriedade.
Ao limitar as dimensões do veículo para a carga e descarga, a intenção da CTTU foi evitar a obstrução do tráfego no Centro.
Mas a exigência é a mais desrespeitada pelos envolvidos na operação de carga e descarga.
Na Rua do Aragão, conhecida por abrigar muitas lojas de móveis, um caminhão baú ainda tenta estacionar.
Manobra para lá, manobra para cá.
E, enfim, o motorista desiste e vai procurar outro ponto para deixar o veículo, depois que percebe que uma impaciente fila de carros se formara atrás.
Já na Rua José de Alencar, dois homens retiram barris de chope de um caminhão de uma marca de refrigerante.
Além de ignorar os padrões estabelecidos pela CTTU, o veículo desrespeita também a pintura amarela do meio-fio, indicando que é proibido estacionar.
No Cais de Santa Rita, próximo ao Forte Cinco Pontas, outro caminhão para, liga o alerta e homens começam a retirar a mercadoria.
Um dos operários empilha as caixas quase ao lado da placa que informa que é proibido parar.
Sem fiscalização, o Recife ainda tropeça na tarefa de disciplinar as operações de carga e descarga.