Por Vinicius Sobreira, especial para o JC Os problemas de mobilidade que atingem o Recife ganham peculiaridades nos subúrbios.

No Vasco da Gama, zona norte da cidade, os habitantes têm o costume de andar nas ruas.

Este hábito é proveniente tanto da ocupação irregular das calçadas quanto da inexistência delas.

As Ruas Dois de Fevereiro e Alto do Eucalipto são exemplos de locais onde sequer existem calçadas.

Ao abrirem as portas de suas casas, moradores se deparam com veículos em alta velocidade.

Na Rua Alto do Eucalipto, a dona de casa Josefa Maria da Silva Melo, 68, conta que já escapou várias vezes de ser atropelada e reclama do desrespeito ao pedestre: “às vezes esperamos por quase dez minutos até conseguirmos atravessar a rua”.

Sua vizinha, Maria Luiza de Moraes, 62, afirma que as casas precisam ser recuadas e critica a falta de atitude do poder público: “entra político, sai político e a situação aqui continua a mesma”.

Na entrada do Córrego do Botijão, uma feira fixa ocupa a via de pedestres.

Do outro lado, um bar divide a calçada com um canal aberto, obrigando os transeuntes a caminharem nas ruas.

As consequências desta caminhada perigosa podem ser as piores possíveis.

O risco é ainda maior quando já não se tem o mesmo reflexo e agilidade da juventude.

O senhor Jaime Souza, 84, ainda se recupera de um acidente que lhe rendeu uma fratura exposta, quando foi atropelado por uma motocicleta em alta velocidade na rua principal do bairro.

O idoso reclama da falta de faixas de pedestre, sinais de trânsito e placas indicando velocidade máxima permitida.

Casos como o do senhor Jaime infelizmente têm sido frequentes no Vasco da Gama.

No dia 11 de Dezembro de 2011, o aposentado Generino Ferreira, 85, foi atropelado na Rua Alto do Eucalipto e não sobreviveu.

Seu genro, José Patrício, 63, reclama a falta de opções para o pedestre: “nós somos obrigados a andar na rua.

E os motoristas dirigem muito rápido e não têm respeito pelos pedestres”.

No mesmo mês o aposentado Alírio , 77, foi mais uma vítima fatal de acidentes de trânsito no bairro.

Pelos dados da Prefeitura do Recife, o Vasco da Gama tem uma população residente de 29.426 habitantes (dos quais 2.699 são idosos), o que o classifica como um dos cinco bairros mais populosos da cidade.

Mas, ainda assim, a comunidade não conta com um sinal de trânsito ou mesmo um faixa de pedestre, adventos que poderiam contribuir para diminuir os riscos para aqueles circulam no bairro".

Entramos em contato com a CTTU e recebemos a informação de que a iniciativa para realizar as mudanças não devem partir do órgão, mas da a população local, que deveria solicitar uma visita da Companhia de Trânsito através do e-mail cttu@recife.pe.gov.br.

Tentamos entrar em contato com a Emlurb, mas o número disponibilizado no site não está funcionando, assim como o telefone indicado pelo Disque Limpeza para contato na Prefeitura.