Por Marcelo Ferreira Lima* Pense no que você fez hoje, em sua rotina: se foi a farmácia, vacinou-se, se fez compras no supermercado, se foi à padaria, feira livre, precisou de um procedimento médico de alta complexidade?
Comprou água ou foi a um estabelecimento comercial?
Pensou?
Diante de sua resposta, não tenha duvida: você utilizou o SUS.
Isso mesmo, o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas de Saúde pública do mundo, que foi criado pela Constituição de 1988, tem 21 anos de criação e uma abrangência muito maior do que muitos pensam ou supõem.
Um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), indica que boa parte da população ainda desconhece o SUS afirmando que nunca se utilizaram dele.
Neste mesmo estudo, também temos uma avaliação favorável daqueles que se utilizaram do serviço, somando 30,4% consideram os serviços do SUS bons ou muito bons.
Já diante dos que “nunca utilizaram o SUS”, o índice cai para 19,2%.
Agora vamos refletir: será que existe realmente quem nunca tenha utilizado o SUS?
Boa parte dos brasileiros desconhece que o SUS não se restringe ao atendimento em centros hospitalares ou postos de saúde.
O nosso sistema realiza considerável melhora para a saúde da população, também por meio de ações na assistência básica, nas unidades da Saúde da Família, onde atingimos coberturas vacinais e de pré-natal que se aproxima da universalidade.
Ações da vigilância em saúde, como a atuação da vigilância sanitária, as campanhas de vacinação, procedimentos de alta complexidade, como transplantes de órgãos, programas de prevenção e de combate ao HIV-AIDS, além da produção de tecnologia reconhecida internacionalmente relacionadas à instituição públicas de ensino e pesquisa, toda esta rede de trabalho e ações fazem parte do SUS.
Esta reflexão nos ensina que o grande problema dessa avaliação do SUS, deve-se aos ruídos da comunicação, onde se vendem e informam mais as problemáticas, que são inerentes em qualquer sistema, do que as soluções e os recursos que beneficiam a população.
Em resumo: é mais fácil falar da tal “superlotação” do que da nossa soberania tecnológica para o combate à AIDS, não é?
Pois, é o que vemos, infelizmente.
O nosso SUS desde 1996, garante acesso universal e gratuito aos anti retrovirais, neste tratamento, o que mudou o quadro da mortalidade da AIDS, aumentando a sobrevida dos pacientes e tornando-se modelo de tratamento aos soropositivos de todo o mundo.
Também é referência mundial na organização Pan-Americana de saúde (OPAS), o nosso programa nacional de Imunização que vem apresentando avanço na saúde pública do Brasil desde 1973, quando o pais erradicou a varíola e em 1994 a poliomielite, livrando centenas de brasileiros e brasileiras destas doenças , oferecendo 13 diferentes vacinas, o que faz com que sejam evitadas 45 mil internações por pneumonia por ano.
Sem falar do financiamento de 95% dos transplantes realizados no Brasil que fazem parte da lista de procedimentos de alta complexidade, como Diálise, radioterapia, quimioterapia, cirurgia cardiovascular, neurocirurgia, cirurgia da obesidade e reprodução assistida.
Estando assim à disposição de todos, bem como o tratamento gratuito para os quase 40 milhões de hipertensos e diabéticos.
A participação do SUS em nossa vida é bem clara.
O nosso sistema tem a assistência universal e integral, não fazendo escolha pelo dado econômico social,cor, sexo, credo ou raça.
Infelizmente boa parte da população é beneficiada e não sabe, ficando com os ruídos da comunicação e do “bem comum” o que fortalece a cultura que o SUS é um sistema de saúde para os desprotegidos deste país.
Brasileiros: o nosso SUS articula promoção, proteção, recuperação e reabilitação do povo.
Todo sistema existem erros que devem promover os acertos.
Acima de tudo, o que temos que entender e nos apropriar é que o SUS é antes de tudo, um patrimônio Nacional.
Pense nisto! * Marcelo Ferreira Lima é Mestre em Odontologia pela UPE e Gestor em Saúde Pública de Pernambuco.