Por Terezinha Nunes, especial para o Blog de Jamildo Com carência crônica de professores, principalmente de matemática, química e física, os alunos das escolas públicas de ensino médio de Pernambuco continuam a registrar notas muito baixas no IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – criado pelo Ministério da Educação em 2005 para acompanhar a evolução dos estudantes brasileiros.
A última avaliação do IDEB, publicada em julho de 2010, mostrou que os alunos dessas escolas, todas elas mantidas pelo Estado – os municípios cuidam apenas do ensino fundamental que vai até a oitava ou nona séries - tiraram nota 3,0 na avaliação geral.
Foi-se o tempo em que alunos de escolas públicas brasileiras tiravam nota 10.
O nível de ensino, infelizmente, só tem piorado mas uma nota 3,0 demonstra que Pernambuco está, neste quesito, muito abaixo de alunos de escolas públicas de outros estados, sobretudo do Sudeste.
Há poucos dias, porém, a imprensa estadual registrou que a Secretaria Estadual de Educação está adquirindo 170 mil tablets ( Ipads, espécie de computadores portáteis) no valor de R$ 170 milhões para os alunos das escolas públicas.
Ironicamente,no mesmo período, estavam em Brasília prefeitos de todo o país – inclusive de Pernambuco – e até governadores, mostrando indignação diante do estabelecimento de um piso salarial de R$ 1.450,00 para os professores, e dizendo que não vão poder honrá-lo.
O Estado de Pernambuco está pagando o piso mas ao custo de manter milhares de professores temporários nas escolas, recrutados sem concurso público e, claro, sem qualquer estabilidade no emprego.
Enquanto isso, o Jornal do Commércio registrou na semana passada, após uma ronda nas escolas públicas metropolitanas, depoimentos de alunos que estão cumprindo metade da carga horária por falta de professores nas mais diferentes matérias.
Sonho de consumo de cada 10 entre 10 jovens, o que os tablets têm a ver com toda esta história?
O mesmo que tem o sofá da sala em uma piada muito difundida sobre um pai que, incomodado porque a filha teimava em usar o sofá da sala de sua residência para dar beijos apaixonados no namorado, mandou tirar o móvel do local.
A filha, evidentemente, continuou com as mesmas práticas, só que de pé.
Evidentemente que os tablets vão ser muito festejados pelos jovens e, num primeiro momento, pelos seus pais mas, dificilmente, vão contribuir para melhorar o nível de ensino e aprendizagem se os problemas crônicos das escolas estaduais, como a carência e o desestímulo dos professores, não forem enfrentados e sanados.
Neste momento em que o cerco é cada vez maior sobre estados e municípios para que honrem o compromisso de destinar 25% do orçamento anual para a educação, a compra de tablets parece ter virado epidemia.
Pode até dar charme ao administrador que se propõe a parecer moderno mas não vai contribuir em nada para que os alunos aprendam o básico pelo menos, que é saber ler e escrever bem e dominar as quatro operações matemáticas.
Não dá para combater o analfabetismo virtual sem que os estudantes dominem o tradicional be-a-bá, ou seja, a leitura e a escrita.
E, infelizmente, eles estão longe disso.
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Caso contrário será atropelado por Marta Suplicy.
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