O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi hoje (14.03) à tribuna defender o trabalho de investigação da Comissão da Verdade e do Ministério Público Federal sobre os mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar. “O surgimento de fatos novos, a meu ver, vai ajudar a sociedade brasileira a jogar luz sobre esse período ainda obscuro da nossa história recente.” Na avaliação do parlamentar, não há motivos para que integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica que não tiveram participação direta nos fatos se coloquem contra a punição dos agentes públicos que, em nome do Governo, cometeram crimes contra a vida. “Esse acirramento de ânimos em nada beneficia as Forças Armadas, que hoje se encontram integradas à vida democrática”, disse Jarbas, se referindo às críticas que oficiais da reserva têm feito à Comissão da Verdade.
Para o senador do PMDB de Pernambuco, a Comissão da Verdade não é do Governo Dilma Rousseff. “Como bem lembrou a Ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, a criação desse grupo é consequência de iniciativas tomadas desde os anos 1990, nos Governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva.
O trabalho que ela desenvolverá representa o anseio da sociedade brasileira”.
Jarbas Vasconcelos destacou iniciativas do Ministério Público Federal e da Justiça Militar do Rio de Janeiro em reabrir casos como o do desaparecimento, em 1971, do ex-deputado federal do PT Rubens Paiva, que foi levado de casa por militares e nunca mais foi visto.
O senador destacou o trabalho do promotor Otávio Bravo, da Justiça Militar do Rio. “De acordo com o promotor Otávio Bravo, casos como o de Rubens Paiva não foram encerrados, pois os crimes de sequestro, desaparecimento forçado, são permanentes, não prescrevem enquanto não for descoberto se a pessoa foi libertada ou morta.
Como Rubens Paiva nunca foi encontrado, a presunção é de que o sequestro continue em curso”, argumentou Jarbas, acrescentando que, “na opinião do Promotor, o fato de esses sequestros terem ocorrido dentro de unidades das Forças Armadas, comandados por pessoas que estariam agindo em nome do Estado, só torna esses crimes ainda mais sérios”.
O senador Jarbas Vasconcelos destacou a reportagem “Uma história inacabada”, que a jornalista apresentou na Globo News, no último dia 1º, que fala do caso do ex-deputado Rubens Paiva e das iniciativas do Ministério Público e da Justiça Militar: “Quero aqui fazer o meu elogio público – e que fique registrado nos Anais do Senado Federal – ao trabalho realizado pela equipe da Globo News, em especial à jornalista Miriam Leitão.
São emocionantes os depoimentos da esposa de Rubens Paiva, Dona Eunice, e dos filhos, Marcelo, Vera e Eliana. É um relato sério, corajoso, que deve ser visto principalmente pelas novas gerações, pois abusos contra os Direitos Humanos não podem e não devem ser tolerados, e muito menos esquecidos. “