Refinaria pouco pernambucana Adriana Guarda, no Caderno de Economia do JC de hoje Quem teve a oportunidade de assistir a qualquer palestra do presidente da Refinaria Abreu e Lima, Marcelino Guedes, invariavelmente ouviu ele repetir o mesmo discurso. “Não basta ter uma refinaria em Pernambuco. É preciso colocar Pernambuco dentro da refinaria”.

Por enquanto, o impacto da frase de efeito é maior no meio político do que na prática.

Dos cursos de qualificação profissional para o setor de petróleo e gás no Estado, pouco mais da metade (57%) foi realizado.

A distância entre a Petrobras e Pernambuco não se limita à mão de obra.

Da base de empresas pernambucanas (8 mil só no setor industrial) apenas 99 conseguiram se cadastrar como fornecedoras da estatal.

O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) é o exemplo mais emblemático de como a inserção de Pernambuco no cobiçado setor segue em ritmo lento. “Ninguém imaginava que o processo seria simples, porque estamos fazendo nossa estreia nessa indústria.

Mas é preciso ter senso crítico para perceber as distorções.

A própria Petrobras não contrata os alunos que saem do programa”, afirma um empresário que preferiu ter seu nome preservado.

Os ciclos do Prominp começaram desde 2006 e esbarraram numa série de problemas.

Um deles foi a falta de pessoal qualificado no Estado, que conseguisse passar nas provas de português, matemática e raciocínio lógico.

O governo do Estado precisou criar um programa emergencial de reforço de escolaridade nas duas disciplinas para preparar os candidatos às vésperas do exame.

Percebendo a dificuldade, o Prominp baixou para dois a nota mínima de classificação na prova.

O baixo nível de escolaridade fez com que 19,2% das vagas deixassem de ser preenchidas no 4º ciclo (2009/2010) e 28% no 5º ciclo (2010/2011).

Além disso, tem a lentidão da própria Petrobras na execução do programa.

O resultado da seleção para o 5º ciclo foi divulgado no final de 2010 e as aulas só começaram em maio de 2011.

De lá para cá, apenas 16% dos cursos foram realizados e outros 7% estão em andamento.

O gerente de Capacitação profissional da Indústria da Petrobras, José Renato de Almeida, afirma que o ciclo será concluído em meados do segundo semestre e que a demora foi motivada pela falta de capacidade das instituições de ensino contratadas para ministrar as aulas.

No mercado, a informação é que a Petrobras abriu um processo de licitação para contratar a empresa que opera o Prominp e o programa ficou em banho-maria.

Os cursos do Plano Setorial de Qualificação (Planseq) para o setor de construção civil industrial também não foram concluídos.

A assessora de Políticas Públicas da Superintendência Regional do Trabalho, Neide Belém, diz que os convênios estão em quarentena desde o final de 2011 por conta de denúncias de irregularidades em alguns programas.