Por Jamildo Melo O Blog de Jamildo apurou que a carta que o ministro dos Esportes Aldo Rebelo escreverá ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, vai ser no sentido de aceitar as desculpas oficiais do cartola francês.

A avaliação é de que a turbulência ficou grande demais e é preciso baixar a bola.

Ajudou nesta disposição um telefonema recebido do próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, na noite desta segunda-feira pelo ministro Aldo, quando jantava em companhia do governador Eduardo Campos, no Recife, às véspera de sua visita à Arena Pernambuco.

No contato telefônico, Blatter disse a Aldo que virá pessoalmente ao Brasil falar com a presidente Dilma e retomar o bom relacionamento com o governo do Brasil. na visita que pretende fazer ao Brasil nos próximos dias, Blatter iria deixar claro que estará assumindo pessoalmente os entendimentos com o governo brasileiro, pelo menos até a poeira baixar.

Não adiantou nada sobre uma eventual substituição de Jérôme Valcke.

Até aqui, o veto ao cartola era mantido, mesmo após o pedido de desculpas público.

Neste sentido é que o governo de Pernambuco, que mantém um forte alinhamento com o governo Federal, já anunciou que não vai impor restrições à visita que Valcke fará à obras em Recife, junto com Cuiabá e Manaus.

No encontro, o governador Eduardo Campos planejava dizer ao ministro que apenas receberia ou não o dirigente da Fifa, a depender do desfecho de Rebelo para o episódio.

O governador Eduardo Campos e o ministro visitam nesta quarta-feira as obras do estádio Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata.

A agenda do ministro em Pernambuco faz parte de uma série de visitas que ele fará às obras dos estádios das 12 cidades-sede para acompanhar todos os preparativos para o mundial.

Em público, Aldo preferiu fazer mistério sobre a polêmica. “Sou jornalista também e não vou dar esse lead a vocês.

Não quero adiantar.

Vou para Brasília, cumprir meus compromissos e depois vou responder as duas cartas que recebi.

Não haveria bons modos de minha parte em antecipar.

Posso escrever hoje à noite ou amanhã”, afirmou, citando que dará ciência a presidente Dilma do teor de suas missivas. “Não faço segredo, mas não vou dizer se as cartas encerram o episódio ou não”, afirmou ontem, em São Lourenço da Mata.

Aldo também disse que não há o menor risco de a Copa ser cancelada, por eventuais desavenças com os organizadores, mas fez uma comparação inusitada. “A copa vai acontecer de todo jeito.

Devemos recebê-la como um grande desafio, que vai testar as nossas habilidades.

Vai também testar as nossas dificuldades.

Temos que ter humildade para perceber isto”, declarou. “O Brasil já fez coisas muito maiores e mais importantes.

Fazer os estádios não é um desafio maior do que ter feito cidades como Recife e Olinda, monumentos como os Forte Orange, em Itamaracá.

Mais difícil foi expulsar os holandeses”, citou, em tom irônico.

Entenda a polêmica Em carta, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, pediu desculpas ao governo federal por ter declarado que o Brasil precisava de “chute no traseiro” para acelerar a organização da Copa-2014.

A alegação do dirigente no documento -enviado ao ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que o divulgou-, é que a tradução de sua frase do francês para o português ampliou o tom da sua crítica ao país.

A entrevista de Valcke foi dada na sexta, na Inglaterra.

Em sua carta, Valcke disse que não há plano B: “Gostaria de reiterar, como fiz em muitas ocasiões, que o Brasil é e sempre será a única opção para sediar a Copa”.

O dirigente da Fifa, no entanto, não retirou as críticas ao andamento das obras.

E disse que, por isso, está sob pressão dentro da entidade. “Há certamente um ar de preocupação na Fifa e, sendo eu, em última análise, a pessoa responsável por esta Copa do Mundo, estou sob bastante pressão”, disse.

Sobre sua declaração, ele culpou a tradução. “Em francês, ‘se donner un coup de pied aux fesses’ signfica apenas ‘acelerar o ritmo’ e, infelizmente, essa expressão foi traduzida para o português usando palavras muito mais fortes”, afirmou Valcke.