Junto com outros 70 parlamentares evangélicos da Câmara Federal, o deputado Pastor Eurico pretende se posicionar contra a Lei Geral da Copa, que será votada em caráter de urgência na próxima quarta-feira (14) em Brasília.
O parlamentar defende uma mudança no texto para impedir o consumo de bebidas alcoólicas dentro dos estádios que vão sediar jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, em 2013 e 2014, respectivamente.
Para ele, ceder às exigências da FIFA sem respeitar os avanços conquistados pela sociedade brasileira é um retrocesso. “O Estatuto do Torcedor já prevê a proibição das bebidas nos estádios, o que é reconhecidamente uma eficaz medida para diminuir a violência nas cidades em dias de jogos”, alerta.
Segundo dados do Ministério Público, tal proibição reduziu a média das ocorrências policiais nos estádios de 500 para menos de 100 na maioria dos estados (média anual).
Em Pernambuco, as ocorrências de violência nos estádios de futebol caíram a partir de 2007, quando entrou em vigor a lei estadual sobre o tema.
Naquele ano, houve 468 registros.
Em 2010 foram 112 casos.
A violência teve seu maior índice no estado em 2005, com 1.643 ocorrências. “O Governo estadual e o Ministério público reconheceram pouco tempo depois que os índices de violência nestes eventos esportivos diminuíram em mais de 70%”, argumenta.
O deputado federal apresenta-se como um dos defensores mais ferrenhos da proibição da propaganda da bebida alcoólica nos meios de comunicação em massa.
Para ele, assim como aconteceu com o cigarro, o uso do álcool não deveria ser incentivado. “As consequências do uso da bebida alcoólica podem ser drasticamente mensuradas nos hospitais, nos presídios e nas casas de recuperação.
A maioria dos acidentes de trânsito e dos casos de violência está relacionada à bebida alcoólica. É uma epidemia nacional e tem que ser tratada com rigor”, defende o parlamentar.
Alinhado com o que defende o Pastor Eurico, o deputado estadual Adalto Santos, também representante da Igreja Assembléia de Deus em Pernambuco, apoia a atuação do colega em Brasília.
Aqui ele fala sobre o tema durante a sessão plenária desta quinta-feira, no plenário da Assembléia Legislativa.
O parlamentar também considera o projeto um retrocesso. “É um passo pra trás.
Já oi uma luta muito grande para proibir as bebidas nos estádios brasileiros.
Agora vamos retroceder simplesmente para satisfazer caprichos da FIFA, de patrocinadores e da oposição?
Isso seria irresponsabilidade!”, acredita.
Em Brasília, O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), informou que o grupo vai votar contra a liberação do consumo de bebidas alcoólicas na Copa.
Se todos os integrantes da frente seguirem a orientação de Campos, serão cerca de 70 votos contrários ao texto do governo, alguns deles de integrantes de partidos da base.
João Campos disse que a liberação é um tema suprapartidário e o governo vai enfrentar resistências em todos os partidos. “Nós vamos apoiar todas as emendas contra a bebida, porque isso contraria a nossa formação e a política que o Brasil vem realizando ao longo do tempo para restringir o comércio, uso e propaganda de bebidas alcoólicas”, disse.
Cândido Vaccarezza descartou alguma alteração nesse ponto. “O relatório está bem equilibrado, estamos prevendo apenas uma alteração em Plenário em relação à meia-entrada para quem comprou ingressos de pacotes turísticos”, disse.
O presidente da Câmara, Marco Maia, declarou ser favorável à venda de bebidas. “Impedir a venda de bebidas nos estádios não impede as pessoas de beberem antes ou depois do jogo, causando transtornos.
O que precisamos é intensificar a fiscalização e endurecer as penas para quem comete alguma ilegalidade”, analisou.