O crescimento entre 2,5% e 3% da produtividade média fará o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescer mais de 40% até 2020, segundo o estudo “A evolução da classe média e o seu impacto no varejo” da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

A pesquisa também prevê que, até 2020, a população brasileira crescerá de 7% a 8%, passando de 207 milhões de habitantes – quase 70% em idade economicamente ativa.

Com isso, o PIB per capita deve crescer mais de 30% em termos reais até o final desta década.

Ao mesmo tempo, o País terá que arcar com as aposentadorias de mais cinco milhões de pessoas. “Isso traz grandes consequências políticas, econômicas e sociais que necessitam de atenção desde já”, alerta Abram Szajman, presidente da FecomercioSP.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda per capita foi de R$ 19.342 em 2010.

A FecomercioSP projeta que, entre 2011 e 2020, o consumo per capita deve crescer 30% para as faixas de renda A e B, e quase 50% para as demais.

Dos cerca de R$ 2 trilhões que o Brasil deve adicionar ao PIB até 2020, R$ 1,4 trilhão virá do consumo das famílias.

Esse crescimento de poder de consumo será mais evidente na classe C, que já abrange 54% da população brasileira e detém um poder de consumo de mais de R$ 1 trilhão, o que equivale a 51% de toda a renda das famílias. “A tendência do Brasil é subir na escala e crescer mais que a média mundial”, afirma Antonio Carlos Borges, diretor executivo da entidade.

LONGEVIDADE - A redução acelerada da taxa de natalidade e o aumento significativo da expectativa de vida aumenta o esforço para se entender a dinâmica do consumidor que emergiu das classes D e E, além de compreender os riscos e oportunidades envolvidos no natural e inexorável envelhecimento da população.

Em 2010, o Brasil tinha 18 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Número que, segundo o estudo da FecomercioSP, deve saltar para 22 milhões, em 2015, e 26 milhões, em 2020.

Hoje, há 130 milhões de pessoas em idade economicamente ativa e até 2020 essa massa passará de 144 milhões, um incremento de mais de 10% na força de trabalho potencial e o maior contingente histórico de brasileiros em idade produtiva.

A rigor, isso impõe um bônus e um ônus demográfico ao País.

De um lado, um enorme contingente de idosos que pressiona as contas da previdência e da seguridade social, de outro, o maior contingente alocado na produção no Brasil. “Uma reforma previdenciária é urgente.

A aposentadoria por tempo de serviço ou idade não comporta o crescimento atual e não aguentará no futuro. É preciso chegar a um denominador comum que seja funcional e viável”, alerta Szajman.

A FecomercioSP propõe mudanças e reformas econômicas e políticas que permitiriam, simultaneamente, maximizar o desempenho dessa massa de pessoas em idade ativa e minimizar o ônus previdenciário no País. “Sabemos de antemão que, com a melhoria da qualidade e o aumento da expectativa de vida, muitas pessoas com idade superior a 60 anos irão permanecer no mercado de trabalho.

O problema está em adequar as contas previdenciárias à nova realidade do Brasil”, diz Borges.

O processo que a FecomercioSP já havia antecipado de incremento da renda, inclusão de novas famílias no consumo e interiorização do Brasil ganha novos contornos com a relevante transição demográfica pela qual o País passará nesta década.

Os negócios no Brasil do futuro terão que ser pensados para um País mais interiorizado, com um mercado consumidor muito maior, mais exigente e, certamente, mais envelhecido.

MUDANÇAS EM CURSO - As transformações previstas pelo estudo “A evolução da classe média e o seu impacto no varejo” já estão em curso.

Com uma renda familiar mensal de R$ 2,9 mil o perfil do consumidor brasileiro está mudando, e rápido. “Além de consumir mais, as famílias estão gastando melhor”, pondera Borges.

Uma das mudanças mais claras está no setor de alimentação.

O brasileiro passou a comer mais vezes fora de casa e, com isso, o gasto com alimentação em bares, restaurantes e lanchonetes cresceu 26,6% entre 2003 e 2009, atingindo R$ 145,59 por mês.

Apesar de comer mais vezes fora de casa, o brasileiro está se alimentando melhor.

O consumo de carne bovina de boa qualidade aumentou 4,2% enquanto o consumo de frango recuou 11,8%.

Outro exemplo é a substituição do óleo de soja pelo azeite de oliva, que avançou 13,8% no período analisado.

Os gastos com eletroeletrônicos e aquisição de serviços como internet, TV por assinatura, telefonia móvel, e mesmo de cuidados com o corpo também apresentaram evolução. É o caso dos gastos com cabelereiros, que movimentaram R$ 1,01 bilhão por mês em 2009.

Os gastos com telefonia móvel são, talvez, a melhor demonstração das transformações vivenciadas pela sociedade brasileira.

Os gastos mensais dos brasileiros com aparelhos celulares teve impulso de 63,3% entre 2003 e 2009, saindo de R$ 17,68 para R$ 28,93.

Entretanto, se olharmos os gastos divididos por faixas de renda, fica claro que os maiores aumentos aconteceram nos estratos menos abastados.

A classe “C”, por exemplo, ampliou os recursos destinados ao serviço em 70%; já na classe “E”, os gastos subiram 312%.

Segundo o diretor executivo da FecomercioSP este é um amadurecimento natural no perfil do consumidor. “Com mais recursos, as famílias brasileiras não se ativeram, simplesmente, a melhora do que já possuíam, mas passaram a buscar novidades, aprimoramento na qualidade de vida e inclusão”, relata Borges.

Acesse o estudo completo da Evolução da Classe Média e o seu impacto no Varejo: https://www.fecomercio.com.br/arquivos/arquivo/estudo_da_classe_media_fevereiro_2012_ljiaiah9aa.pdf