Em O Globo.com Uma investigação feita pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal identificou repasses de recursos de um integrante da máfia do jogo à Unidos da Tijuca.
Como revelou O GLOBO em dezembro, a Justiça Federal quebrou o sigilo das contas da Unidos da Tijuca depois de a PF encontrar, nas investigações que levaram à Operação Hurricane, repasses do português Licínio Soares Bastos (cinco depósitos no valor total de R$ 60 mil, em 27 de dezembro de 2006).
Licínio foi preso pela PF em 2007.
Presidente da campeã diz que escola não tem patrono A Hurricane foi desencadeada pela PF em 2007, levando à prisão 25 pessoas, entre desembargadores, juízes, delegados federais e parte da cúpula da contravenção do estado.
Licínio teve sua prisão decretada na quarta etapa da operação, em agosto daquele ano.
Segundo as investigações ainda em curso, ele seria ligado à máfia dos caça-níqueis do Rio.
Licínio — que seria um dos proprietários da Triunfo, de operações portuárias — atuaria na máfia dos caça-níqueis executando decisões dos chefes da organização.
A respeito da influência de bicheiros no carnaval, o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, afirmou que a “escola não tem patronos”: — Nós não recusamos qualquer tipo de ajuda.
Mas, no caso da Unidos da Tijuca, temos colaboradores.
Tenho colaboradores que contribuem com a alimentação dos funcionários do barracão.
Um ajuda doando cereais, outro ajuda com legumes, outro com carnes.
Temos também os que colaboram com cotas financeiras.
Este ano, por exemplo, tivemos empresas como a Odebrecht, a Queiroz Galvão e várias outras que colaboraram com a escola. “As grandes empresas estão investindo no carnaval” Horta argumentou que, sem a figura dos patronos, o carnaval do Rio não teria a dimensão atual. — A gente não pode fugir de uma verdade: se não fossem esses patronos, o carnaval não teria chegado ao que chegou.
Eles foram uma peça fundamental.
Logicamente que tudo tem a sua época.
Antigamente as escolas não tinham nada e hoje têm.
De 2000 para cá, começou a haver uma receita que não existia.
Começou a haver um reconhecimento do nosso trabalho.
Os ingressos começaram a ter outro valor.
As empresas começaram a ver o samba de outra maneira.
As grandes empresas estão investindo no carnaval — disse o presidente da campeã.
Segundo Horta, atualmente as escolas conseguem outras fontes de recursos.
E isso, acredita, resolve a questão. — Não temos patronos, nem milícia, mas, talvez se não houvesse os patronos, teríamos hoje milícias — disse.