Por Angelo Castelo Branco, especial para o Blog de Jamildo Tivéssemos um prefeito estiloso para o Recife e ele adotaria de cara uma forma avançada de administrar a cidade com três equipes constituídas por pessoas de notáveis saberes em suas respectivas atribuições.
Uma equipe para tratar do passado, uma equipe para tratar do presente e uma terceira para tratar do futuro.
Todas lastreadas com recursos orçamentários definidos e aprovados segundo os trâmites constitucionais, com metas e organogramas acompanhados online, sem mentiras, sem enrolações e sem subterfúgios.
A população se conectaria numa boa e participaria intensamente de cada etapa dos trabalhos.
Nem precisava que a oposição tivesse o trabalho de denunciar atrasos ou desvios.
Bastava uma olhada diária no site do município para a gente saber se as coisas estavam ou não em dia.
Beleza pura.
A equipe do passado teria como meta realizar intervenções no sentido de resgatar o secular patrimônio histórico material e imaterial do Recife, promovendo restaurações e alardeando para as novas gerações sobre as maravilhas que temos e que devemos melhor conhecer para melhor amar e melhor respeitar a nossa cidade.
Outro dia fiz uma enquete com jovens graduandos universitários que se reuniam para comemorar a ida de um deles rumo ao doutorado na Universidade de Paris.
Rigorosamente nenhum deles sabia onde ficava a rua Floriano Peixoto, nem a Rua da Palma, nem a Igreja do Rosário dos Pretos.
Beco da facada, nem pensar.
Capela Dourada jamais e menos ainda o museu de arte sacra da rua do Imperador onde o retrato do inesquecível Fernando Pio esboça um sorriso como se cumprimentasse os que se lembram do Recife que ele tanto soube exaltar.
A equipe do presente cuidaria de manter a cidade limpa e asseada, removeria buracos e fiscalizaria com rigor as varrições e o sistema de recolhimento do lixo.
Sua meta prioritária seria a de nos livrar da vergonha de termos ainda, em pleno século 21, os bairros de Santo Antonio com as avenidas Guararapes, Dantas Barreto, São Jose e adjacências, totalmente favelizados e mau cheirosos, mil anos luz distante da dignidade que as confundiam com cenários das antigas cidades européias.
Basta comparar as fotos do século 19 e inicio do século 20 com os dias de hoje e haja trabalho para recuperar a cidade.
Já a equipe do futuro se debruçaria em pranchetas para propor obras de vanguarda, anéis viários, alargamento de avenidas, ampliação de áreas verdes, reinventar o Recife onde for possível compatibilizar o antigo e o moderno com fizeram em Londres na década de 80, quando deslocaram as docas e deram novas finalidades aos velhos e agora modernos edifícios.
Naquele época tive a oportunidade de escrever um texto advertindo que aquele processo poderia ser aplicado na avenida Jose Estelita, aqui no bairro do Cabanga.
Até Batman usou um prédio recuperado em Londres para cenário de um de seus filmes.
O arquiteto recifense Moises Agamenon estava comigo num barco pelo rio Tamisa e anotou essas coisas.
Os assessores para o futuro diriam ao prefeito que a velha carcomida Avenida Sul e sua paralela rua Imperial oferecem um espaço perfeito para se construir superquadras iguais às que Lucio Costa fez em Brasília, com jardins e escolas, alargando suas influencias para as bandas do Coque, criando ali uma nova face com muito verde e dignidade para seus felizes habitantes que assim desfrutariam de uma qualidade de vida em paz, com menos violência, com muita segurança e com o conforto e o bem estar que a tecnologia urbana nos oferece como contrapartida da eficiência administrativa e compromissos com o espírito republicano. jornalista e escritor