Era para ser um grande debate sobre as ações da Prefeitura do Recife na área de Cultura, mas a audiência pública realizada na manhã de hoje, na Câmara Municipal, consumiu boa parte do tempo com uma exposição dos eventos realizados pela atual gestão e equipamentos culturais disponíveis na cidade.
O secretário de Cultura Renato L e a presidente da Fundação Luciana Félix pareciam combinados para não tocar em assuntos polêmicos.
Usaram mais de meia hora, cada um, para a apresentação, em data show, de informações já conhecidas.
No entanto, na hora de responder as diversas dúvidas das autoridades e público presente quanto aos recursos usados nas festas do Recife, comparados com o dos anos anteriores e os atuais; o montante real que será investido no evento de momo deste ano; o atraso no pagamento dos artistas locais e outros assuntos levantados na audiência, o tempo foi curto e muitos questionamentos ficaram sem respostas.
Um dos pontos que mereceu destaque da vereadora Aline Mariano (PSDB), responsável pela audiência, foi o relatório de sua autoria contendo mais de 500 páginas, o qual trata dos contratos sem licitação realizados pela Fundação e Secretaria de Cultura e Fundação. “Até ontem, foram mais de mil contratos, cerca de 60% de todos feitos em pouco mais de três anos na gestão de João da Costa.
A Secretaria de Cultura ficou com o segundo lugar no ranking de contratos sem licitação, com 214”, informou Aline.
Acerca disso, nenhum comentário dos gestores.
Aline ainda cobrou explicações quanto aos altos valores pagos às empresas contratadas. “Só com decoração, em 2009, a PCR gastou no Carnaval R$ 951 mil.
Em 2011, o valor aumentou um milhão, passando para R$ 1.470 mil.
No Carnaval deste ano, a decoração já consumiu quase 2 milhões e meio.
Ou seja, um milhão a mais em relação à festa passada.
Questionados ainda sobre o valor total da festa, que em 2011 saiu por R$ 30 milhões, Luciana e Renata L informaram que está previsto um montante de R$ 32 milhões para esse Carnaval.
No entanto, o valor pode aumentar. “É apenas uma previsão”, adiantou Renato L.
Numa das intervenções, a vereadora da oposição Priscila Krause (DEM) fez oito perguntas.
Entre elas, quis saber se ainda vigora o contrato com a OCP; quais os patrocinadores do Carnaval 2012; quais os valores das cotas; qual o contrato em vigor para a montagem dos palcos e quem são os patrocinadores do Baile Municipal.
Em resposta, tanto o secretário como a presidente da Fundação se desculparam e pediram para repassar os dados num outro momento.
O vereador Sérgio Magalhães (PSD) questionou as empresas patrocinadoras do Carnaval que, na sua avaliação, estão incentivando o consumo de bebidas alcoólicas. “A PCR vendeu seus espaços para as cervejarias que estão usando até uma ala ursa, que antes pedia dinheiro, para segurar uma latinha de cerveja”, criticou o parlamentar.
O representante da Ordem dos Músicos do Brasil, Estevão Vieira, confirmou que há atrasos no pagamento dos artistas locais.
Ele disse que ainda há artistas sem receber de festas realizadas em 2010. “Os cachês de alguns músicos, que como eu encerrou o Carnaval daquele ano, passou oito meses sem sair.
Outros ainda esperam.
Em 2011, integrantes da orquestra, e cito o meu próprio exemplo, foram retaliados e não puderam se apresentar porque tinham reivindicado tais pagamentos.
Sem falar nos cachês pagos que são irrisórios e congelados”.
Genilson Pontes, do Sindicato dos Músicos de Pernambuco, declarou que há um grande sucateamento nos equipamentos da Orquestra e Banda Sinfônica do Recife. “Não há manutenção.
Muitos concertos já foram cancelados por falta de atenção à música e músicos da cidade”, denunciou.