Na Revista de História A máxima distinção, na categoria de literatura brasileira, do Prêmio Literário Casa das Américas deste ano ficou com os historiadores Marcus J.

M. de Carvalho, pernambucano e professor da UFPE, Flavio Gomes e João José Reis.

A obra “O Alufá Rufino: Tráfico, escravatura e liberdade no Atlântico negro (1822-1853)”, narra o escravismo no Atlântico sul, em meados do século XIX, usando como guia um personagem muito original: Alufá Rufino, um africano muçulmano escravizado no Brasil, que consegue comprar sua liberdade e viver uma vida de aventuras a bordo de navios negreiros, um dos quais é capturado pelos ingleses em 1841.

João José Reis falou sobre a honra em ser agraciado na 53ª edição do prêmio, que aconteceu em Cuba, e que tal reconhecimento se estende a toda a historiografia brasileira. “Foi com alegria que recebemos a premiação, uma vez que a Casa de las Américas representa uma das principais, se não a principal, instituição dedicada à integração de intelectuais, escritores e acadêmicos da América Latina.

E o faz sem censura ideológica ou política, mas com o espírito de promoção especificamente do pensamento latino-americano.

Então, foi muito bacana o reconhecimento do nosso trabalho, que por extensão premia a historiografia brasileira”.

O livro estuda não só o tráfico transatlântico, como a política imperial britânica de repressão ao mesmo, a escravidão no Brasil e na África, entre outros temas correlatos.

O personagem principal caminha por todas essas macro-estruturas, às vezes em posições distintas – foi escravo e traficante de escravos, por exemplo.

Há muitos anos, os autores tiveram a ideia do livro – escrito nos intervalos de outras pesquisas.

Certo dia, Flávio Gomes convidou João José Reis para escrever a respeito de um negro muçulmano preso no Recife, em 1853, por suposto envolvimento numa conspiração escrava.

O inquérito tinha sido encontrado por Flávio no Arquivo Nacional.

No documento, Rufino contava sua história desde a escravização na África até sua prisão, cerca de três décadas depois, no Recife.

Marcus Carvalho foi convidado para participar do projeto, cobrindo as pesquisas em Pernambuco, enquanto Flávio fazia do Rio de Janeiro, e João José, de Salvador. “Em 2008, passei quatro meses no National Humanities Center (EUA) me dedicando exclusivamente ao livro.

Em menos de dois anos ele ficou pronto”, lembra João José.

Além deles, a historiadora Heloísa Pontes ganhou menção honrosa com a obra “Intérpretes da metrópole.

História social e relações de gênero no teatro e no campo intelectual (1940-1968)”.

O livro busca compreender como São Paulo se tornou um moderno polo do teatro brasileiro entre as décadas de 1940 e 1960.

Leia trechos do livro O alufá rufino View more documents from Jamildo Melo.