Por Cláudia Vasconcelos, no Jornal do Commercio Em dois municípios de Pernambuco, quem se prepara para votar em outubro já sabe que os antagonistas das eleições de 2012 sairão de dentro da prefeitura.
Itapissuma, na Região Metropolitana, e Palmares, na Zona da Mata Sul, terão de um lado do ringue o prefeito e, do outro, o vice-prefeito.
Porém a briga política teve origens distintas em cada lugar.
Se em Palmares o afastamento deu-se por divergências partidárias, sem escândalos, na cidade litorânea denúncias de nepotismo e desvio de dinheiro público implodiram a relação dos comandantes do Executivo municipal.
A disputa em Itapissuma começou já em 2009.
Nos primeiros três meses de mandato, o vice Carlos Pereira (PSB), então no PMDB, insurgiu-se contra o prefeito Cal Volia (PSDB).
Segundo o socialista, o ex-aliado fez das principais secretarias e diretorias um feudo familiar.
O ex-prefeito Paulo Volia, pai do atual gestor, ganhou a secretaria de Governo.
A mãe, Vilma Marques, é secretária especial de Governo.
Já a tia do prefeito, Marli Marques, tornou-se titular da pasta da Educação.
Um primo, Elano Rego, foi lotado na Secretaria de Finanças.
Cal Volia confirma as nomeações. “Já rompi com ele aí.
Nunca tive gabinete na prefeitura, sequer um birô ou uma cadeira.
Trabalho com recursos próprios, atendendo o povo na minha casa”, conta Carlos Pereira, que é casado com a presidente da Câmara Municipal, Izolda Pereira.
Foi na Câmara, aliás, que travou-se o embate mais feroz entre prefeito e vice.
Carlos Pereira articulou-se com os vereadores e conseguiu abrir uma CPI para investigar Cal Volia.
O socialista acusa o gestor de ter falsificado assinaturas suas, da época em que foi secretário de Finanças, para aprovar licitações viciadas.
O rombo seria de R$ 1 milhão.
Pereira diz que passou três meses na secretaria, em 2009, sem ordenar nenhuma concorrência pública.
Entre julho e agosto do mesmo ano, estourou a CPI. “Fiz até exame grafotécnico para provar que as assinaturas eram falsas”, detalha o vice-prefeito.
O caso está sob investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O tucano admite que emprega parentes, porém diz estar dentro da lei. “Minha mãe é funcionária efetiva há 20 anos.
Meu pai teve experiência de dois mandatos como prefeito e por isso está na Secretaria de Governo.
A lei tem essa sensibilidade, é possível nomear para o primeiro escalão, só não pode ser cargo comissionado”, interpreta Volia.