Por José Dirceu, em seu Blog Uma entrevista explosiva, uma lavagem de roupa suja em público O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz à revista britânica The Economist considerar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) um candidato “óbvio” à Presidência em 2014. “As coisas estarão mais claras depois das eleições municipais.

Provavelmente veremos uma briga interna muito forte no PSDB, entre Serra e Aécio”, assinala FHC.

Confirma, assim, o que já ocorre, todos sabem e vêem.

FHC aproveita para lavar roupa suja tucana em público, desafogar-se de mágoas e ressentimentos e faz reconhecimentos públicos que até agora evitara.

Considera, por exemplo, que o seu partido perdeu a eleição presidencial de 2010 porque cometeu “erros enormes” e reconhece que o então candidato, José Serra, estava isolado “mesmo internamente”. “Não formamos alianças.

Foi uma espécie de arrogância.

Nosso candidato estava isolado, mesmo internamente”, exemplificou no ponto da entrevista em que passa a defender a candidatura Aécio Neves-2014, considerando que ele pode até vencer dada á sua capacidade de estabelecer coligações. “Aécio é mais da cultura tradicional brasileira, mais apto a estabelecer alianças”.

Ele reaparece com a história de “corrupção sistêmica” Na sequência, o ex-presidente passa a deitar falação contra o governo do PT, ponto em que contradiz a defesa de alianças e a virtude apontada em Aécio para fechá-las.

Ele repete a história de que o sistema político de governo brasileiro com o PT está permitindo corrupção. “Sempre tivemos algum grau de corrupção, aqui e ali, mas o sistema não era corrupto.

Agora o sistema permite a corrupção como um ingrediente normal”.

Afirmou que a partilha de poder entre os partidos - que ele fez em seus oito anos de governo e que todos os governadores tucanos fazem - traz maior possibilidade de corrupção. “Você não está partilhando poder, está partilhando oportunidades de ter bons contratos.” O tucano nega que o sistema existia e tenha permitido corrupção em seu governo. “Talvez num ou outro caso, mas agora o sistema inteiro está baseado nisso.

Isto é novo.” quando diz “num ou noutro caso”, ele se refere aos 64 escândalos de seu governo, a maioria de corrupção?

Está lembrando os escândalos da privataria e o da compra de votos para a reeleição?

Dando o troco a José Serra No mais, toda a entrevista do ex-presidente é este desfile de ressentimentos.

FHC, é preciso lembrar, nunca morreu de amores por José Serra e não o perdoa por ter integrado seu governo por oito anos - como ministro do Planejamento e da Saúde - e tê-lo abandonado.

José Serra renegou-lhe o legado e devotou-lhe desprezo quando candidato a presidente nas campanhas de 2002 e 2010.

Na 1ª FHC não pode subir uma única vez no palanque de José; na 2ª quiseram quase exilá-lo para que não participasse da campanha.

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