Antônio Ramos, especial para o Blog de Jamildo Os últimos acontecimentos do dia 20/01, referentes ao aumento de passagens, onde o governo do Estado promoveu cenas de violência gratuita, não podem ofuscar nossas memórias.
Claro que devemos nos indignar pois somos seres humanos e ao mesmo tempo cidadãos cumpridores de nosso dever.
Mas não podemos correr o risco de avaliar o fato isoladamente, sem fazer uma analise profunda do problema, pois o dia de ontem é resultado do acumulo de injustiças e lutas de muitos anos, para dessa forma podermos tirar lições para o futuro.
O histórico de violência que sofremos há anos não é só dos cacetetes e bombas de gás de Eduardo Campos, ou somente com os altos preços das tarifas cobrados nos transportes coletivos, é também pela falta de segurança nos coletivos, falta de conforto e principalmente pelas ações e acordos fechados na calada da noite contra o povo pernambucano, não diferente do que acontece no restante do país.
Existem vários agravantes violentos como, por exemplo; subsidio nos preços de combustível, e no valor da passagem de deficientes, estudantes, idosos, tudo dinheiro público, ou seja nosso.
O pior é que essa violência é praticada por representantes eleitos pelo povo nas eleições para prefeito e governadores, que não cumprem nem suas promessas de campanha.
Quem não se lembra da campanha eleitoral do Governador Eduardo Campos, onde ele dizia que iria lutar pela redução dos impostos no setor de transportes e consequentemente da Redução ou congelamento da tarifa dos ônibus.
Acontece que esse problema é antigo, lembram?
Em 2005 estive na linha de frente dessas mobilizações ao lado de companheiros de luta como Edílson Silva, do PSOL e a minha ex companheira de partido Izabel Acioly, ex – Partido Comunista Revolucionário - PCR e atual militante do Partido Verde em Pernambuco.
Na época, o governo era o do hoje snador Jarbas Vasconcelos e o Batalhão de Choque estava sendo comandado pelo cão raivoso do ex- comandante Meira, a repressão não era menos truculenta, mas o que garantia de certa forma a nossa segurança e ações mais concretas era a quantidade de pessoas que chegava a 15 mil no auge das manifestações, e tinha a participação não só de estudantes como operários, comerciantes, desempregados, donas de casa ou seja de toda a sociedade.
Mesmo assim só conseguimos a redução de apenas 5 centavos da tarifa daquele ano.
Não é demais lembrar, que o compromisso do governador vem primeiro com os empresários de transporte não só do seu governo como o seu secretario Roldão, mas também com o Deputado Federal José Chaves entre outros de vários segmentos, pois alguns investiram em sua campanha e querem seu dinheiro de volta e em dobro.
Um outro fator que podemos avaliar também e tirar algumas conclusões, é que nessa ação o governador e o PSB, em sua insana vaidade e voraz sede de poder, mandam alguns recados.
Primeiro, que na presidência da Republica rechaçara qualquer manifestação e se for preciso até com o cacetete democrático do poder e, segundo, desconta toda a sua raiva e rancor com os recentes ataques a seu comandado no Ministério da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e ao PSB e quer descontar na população, que recentemente lhe deu um dos maiores índices de aprovação do país.
OS EMPRESÁRIOS SÓ ENTENDEM UMA LINGUAGEM, A DO PREJUIZO Por essas razões e pelo fato de esses abusivos aumentos correrem o risco de se espalhar como um câncer para outros setores, é que temos de radicalizar as nossas ações e começar dessa forma a dar prejuízos aos empresários de transporte, verdadeiras sangue-sugas que lucram milhões, investem pouco, controlam com o aval da EMTU/Grande Recife, a câmara de compensação ( purgatório ) do dinheiro público dos pernambucanos.
Tornando urgente, dessa forma, que a população passe a assumir o papel histórico de defensores da sociedade, a ensinar uma lição de que com o povo não se brinca.
Só assim iremos de fato dar uma resposta, pois já estamos cansados de tanto sofrer.
Antonio Ramos – Foi fundador da União dos Estudantes Secundaristas de Jaboatão - UESJ, Presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco – Uespe de 2000 à 2004, ajudou a fundar a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte – Ames BH e Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Teresina – Ames Teresina/PI, Além de fazer parte do Departamento de Carteiras de Estudante da Uespe – DC, durante 8 anos.
Atualmente Coordenador Geral do Movimento de Lutas Populares – MLP.