Por Raul Jungmann O “anúncio” acima é grotesco e espero que nunca se transforme numa campanha publicitária.
Mas é a mais pura verdade, segundo a excelente matéria de sábado do Jornal do Comercio, do repórter Gilvan Oliveira.
Na matéria, ficamos sabendo que a TCA – taxa de congestionamento anual de processos que não foram a julgamento no ano anterior, em quatro das mais importantes varas do júri do estado, que cuidam dos homicídios e delitos contra a vida, varia de 89% a incríveis 99.21%.
Essas varas do júri é que vão possibilitar que assassinos sejam julgados e recolhidos a uma penitenciária, saindo de circulação, ou deixando de ter apenas prisão temporária ou preventiva.
Ou seja, que a punição recaia sobre aquele que tirou a vida de alguém.
Nenhuma das varas pesquisadas conseguiu reduzir em mais de 10% o estoque de processos que tem nas suas prateleiras de 2010 para 2011.
Na 2ª vara do júri do Recife, a melhor delas, os processos não julgados de um ano para outro montam a 89.29%, totalizando 1.589.
Na 1ª vara da capital são 2.050, ou 90.78%.
Em Olinda 1.104, ou 94.40.
Mas, quem que arrebenta a boca do balão, em termos de ineficiência, é Jaboatão.
Lá, com 2.388 processos mofando, a TCA de um ano para outro é de 99.21%!
Ou seja, em 2011 apenas 19 processos foram julgados – e imagine que na quase totalidade deles cabe recurso…
Com a palavra, o presidente da Associação dos Magistrados de PE, Emanuel Bonfim “seria necessário realizar um júri a cada dia durante 10 anos só para zerar o estoque de Jaboatão”.
Enquanto o governo do estado diz que ampliou o orçamento da segurança e cresceu a sua produção em termos de processos, prisões e indiciamentos, a justiça estadual rebate.
Pela ótica do judiciário, os inquéritos policiais são precários, as provas falhas e o “Pacto pela Vida está focado demais na punição, esquecendo de outros fatores que geram criminalidade”, segundo a juíza da 1ª vara da capital, Fernanda Moura.
Enquanto esse jogo do empurra rola, a impunidade quase total grassa solta.
No nosso estado, matar alguém tem custo próximo de zero, em termos de punição efetiva.
E se o assassino tiver um bom advogado e grana, então…
Daí que a baixa expectativa de punição funcione como um estímulo a violência, pela certeza da impunidade.
Quem mata, entre nós, tem uma chance em 100 de ir parar na cadeia.
PE, em especial Jaboatão, Recife e Olinda, são ou não são o lugar ideal para se cometer um homicídio?
Que fazer para mudar essa horrível realidade?
Você com a palavra.
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