Editorial do JC Nossas Rotas do Sol – como eram conhecidas as rotas turísticas do litoral pernambucano – estão contaminadas e comprometem uma das principais indústrias dos nossos dias, o turismo.

Qualquer catálogo de viagem que se consulte nas agências dos centros emissores de viajantes em busca de belezas naturais e clima quente apresentará sempre as nossas praias como paraísos tropicais, com a combinação perfeita entre as atrações de piscinas naturais para todas as idades e acomodações que fazem o sonho de quem busca lazer e descanso.

E, no entanto, não é isso que pode ser encontrado em nossas praias, onde é mais fácil ver lixo e desordem que atingem a qualidade do turismo ofertado.

Mas atingem, sobretudo, a qualidade do espaço público frequentado pelos de casa e que ficam sujeitos a riscos onde buscam lazer.

Pilhas de lixo, esgoto a céu aberto, banheiro público em estado precário e sujo, com bacias sanitárias sem tampas, cabines sem portas e torneiras sem água são o cenário encontrado no principal destino turístico de Pernambuco, Porto de Galinhas, como foi mostrado por este jornal há poucos dias.

E uma degradação que se vê em outros templos da diversão mais democrática que existe, porque aberta a todos, em iguais condições.

Esse quadro é uma réplica de muitos outros, que costumam ser mostrados aqui e em todos os veículos de comunicação, sem que quem de direito pareça estar preocupado.

Da mesma forma, a recorrência desses problemas que atingem o litoral pernambucano, onde estão algumas das mais belas e badaladas praias, parece sensibilizar parte dos usuários, os frequentadores que são responsáveis pelos lixões e pela depredação de equipamentos como o banheiro público.

Desta forma, definitivamente, está faltando sintonia entre comunidades e autoridades litorâneas em Pernambuco para que nossas praias apresentem a mesma atratividade que têm em outros Estados – como Rio Grande do Norte e Ceará, que quase rotineiramente são mostradas como “paraísos tropicais” em agendas de viagens durante o verão, com um diferencial: o cartão de apresentação é mostrado ao vivo, realçando-se exatamente o contrário da nossa contaminação: praias limpas e bem conservadas.

Claro, nem sempre é assim, quase sempre o lixo e a desordem têm o mesmo tamanho das nossas praias, mas isso não nos isenta da obrigação de fazer o dever de casa.

O problema é que não parece ter qualquer importância a frequência com que denunciamos, cobramos, voltamos a denunciar e cobrar, sem que as prefeituras onde se situam as praias tomem medidas reparadoras.

A sensação que deixam é que se trata de bens naturais intocáveis, mesmo quando agredidos pela poluição causada pelas pessoas e mantida pelo descaso do poder público.

Seria o caso de as comunidades que frequentam as belas praias do nosso litoral agendassem para a eleição deste ano o compromisso de cobrar dos candidatos mais que discursos.

Que demonstrem também conhecer esse velho e intolerável problema, cuja solução depende deles.

Nota do Blog de Jamildo Neste final de semana, o titular deste Blog de Jamildo visitou, como turista, as praias de Tamandaré e Barreiros.

Fiquei impressionado com a sujeira deixada pelas pessoas na ilha da praia de Mamucabinha, entre Tamandaré e Barreiros.

Não se vê um gari da prefeitura limpando a área, enquanto pessoas, sem a menor educação, fazem pique-nique deixando sua falta de civilidade para traz.

Animais contam tanto com a impunidade que deixam até o número do celular pintado nas pedras.

Outra besta construiu, em pedra e azulejo, uma mesa de concreto na ilhota, para ajudar na pescaria.

Até o único coqueiro da ilha (veja foto do Blog acima) é ameaçado pelo vandalismo, alvejado paulatinamente.