Para o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, chegou ao fim o fogo amigo do qual supostamente está sendo vítima desde o final do ano passado.

Ontem ele voltou a Pernambuco pela primeira vez desde que foi acusado de favorecer seu estado natal no repasse de verbas antienchentes.

Durante visita às obras de transposição do Rio São Francisco nos municípios de Sertânia e Custódia, no sertão, Bezerra foi recebido com festa por prefeitos da região.

Teve direito à faixa de boas vindas e bandinha de música durante assinatura de ordem de serviço para retomada das obras num trecho que estava parado.

Seu padrinho político e correligionário, o governador Eduardo Campos (PSB) não compareceu ao evento.

Demonstrando cuidado com cada palavra que dizia, o ministro reafirmou ter apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) e garantiu ter recebido solidariedade de todas as lideranças da base aliada ao governo.

Agora ele espera que a onda de “questionamentos”, como prefere chamar as denúncias, tenha se encerrado. “Pela manifestação que tive, esse fogo amigo, se teve, desapareceu”, asseverou.

Apesar de não citar partidos, o ministro atribuiu as denúncias à efervecência política existente por conta das mudanças que a presidente Dilma deve promover em algumas pastas. “Estamos vivendo um momento de reforma ministerial. É evidente que, às vezes, os interesses partidários podem se aguçar”, afirmou, dizendo acreditar que não será alvo de novas denúncias. “Espero que cesse.

Acredito que os questionamentos levantados e que foram objeto da minha visita à Comissão Representativa do Congresso Nacional (semana passada, no Senado), foram devidamente esclarecidos”.

O ministro comentou a reportagem do Globo que, na semana passada, mostrou que a prefeitura de Petrolina, reduto eleitoral da família Coelho, recebeu, em 2005 e 2006, mais de R$ 2,5 milhões para aplicar no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), mas não gastou os recursos no que deveria.

Na época, Bezerra era prefeito. “É estranho (fazer essa acusação) porque as contas do EJA estão todas aprovadas.

Liguei para o ministro da Educação (Fernando Haddad) e pedi que ele prestasse esclarecimentos - contestou, salientando que todas as suas contas foram consideradas regulares ou regulares com ressalva”, disse.

Fernando Bezerra aproveitou também para rebater reportagem de ontem do jornal Folha de S.

Paulo que aponta uma empresa com endereço fantasma como a segunda maior beneficiária, em 2011, de emendas do filho do ministro, deputado federal Fernando Filho (PSB), junto ao Ministério da Integração.

De acordo com o jornal, a CSSA Construtora São Salvador está registrada no endereço de uma oficina mecânica, em Juazeiro (Bahia), cidade vizinha a Petrolina.

A empresa teria obtido três contratos no final de 2011, num total de R$ 4,3 milhões, assinados com a superintendência da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), órgão presidido até o início do ano pelo irmão de Fernando Bezerra, Clementino Coelho.

Um dos contratos, no valor de R$ 1,7 milhão, tem recursos viabilizados por emenda do filho do ministro.

O jornal aponta ainda que, em 2010, o primeiro contrato da Codevasf com a CSSA, no valor de R$ 526 mil, foi obtido em um pregão eletrônicodo do qual participou a Evel Terraplanagem.

As duas empresas têm um sócio em comum.

A legislação brasileira proíbe que empresas com relações societárias disputem o mesmo certame. “A empresa não é fantasma e não participou de licitação com empresa em que o sócio também fazia parte de uma outra sociedade”, defendeu.

Bezerra fez questão de, mais uma vez, destacar seu currículo de homem público e reafirmou que está com a consciência tranquila pelo que fez nos últimos 30 anos. “Não me arrependo de nenhum ato que tenha praticado”, afirmou.

Antes de embarcar, o ministro falou por telefone com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, com quem iria se encontrar em Brasília, à tarde.

Fernando Bezerra deve voltar a Pernambuco na próxima semana para assinar mais uma ordem de serviço para outro lote parado da transposição do São Francisco.