Foto: Igo Bione/JC Imagem De O Estado de S.
Paulo O governador Eduardo Campos, padrinho do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) é jovem, habilidoso, transita entre forças políticas do governo e da oposição e desfila índices de aprovação popular que superam os 80% em Pernambuco com uns olhos azuis que fazem sucesso entre o eleitorado feminino.
Mas vista de perto, a imagem de líder moderno se desfaz diante da movimentação típica de um coronel da política que é dono de partido, nomeia parentes e patrocina mudanças casuísticas da lei para permitir a reeleição ilimitada de aliados.
A operação política montada para eleger sua mãe, deputada Ana Arraes (PSB-PE), ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2011 jogou luz sobre os métodos arcaicos deste líder de 46 anos de idade, seis deles comandando com punhos fortes o PSB nacional. “O velho (Miguel) Arraes tinha limites em suas práticas coronelistas, o neto não tem nenhum”, ataca o adversário mais ferrenho de Campos no Estado, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos poucos que falam abertamente o que outros concorrentes e até alguns aliados só comentam em conversas de bastidor.
O empenho do governador pernambucano para eleger a mãe está longe de ser um ineditismo de apego à própria família.
Ele já conseguiu emplacar como conselheiros no Tribunal de Contas do Estado seu primo, João Campos, e um primo de Renata, sua mulher - o atual presidente Marcos Loreto.
Coronelismo à parte, as diferenças entre Arraes e Campos vão para além da idade.
Amigos do ex-governador dizem que o neto bem-humorado e de conversa agradável tem muito mais ousadia nas operações políticas que patrocina.
Defendem a tese de que Arraes tinha “o limite da institucionalidade”.
Com o peso do Executivo, a constituição estadual já foi alterada três vezes para permitir seguidas reeleições do presidente e demais cargos da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Guilherme Uchôa (PDT) assumiu a presidência da Casa em 2007 para um mandato único.
Continua no cargo até hoje e, com a força da base aliada de Campos, conseguiu em 2011 uma nova mudança para permitir que concorra novamente.
O resultado na votação mostra a folga de Campos na Assembleia.
Foram 38 votos a favor e somente nove contrários.
Isso mesmo com uma dissidência na base aliada.
O PTB não concordou com a possibilidade de perpetuação de Uchôa. “Nossa constatação foi de que não se pode ficar mudando a constituição a toda hora para atender a alguns interesses”, disse o senador Armando Monteiro Neto, presidente do PTB no Estado, ressaltando que a divergência já foi superada.
País.
Campos tem grande proximidade tanto com a principal liderança do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como com o provável nome do PSDB para 2014, o senador Aécio Neves.
Aliou-se também a Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo e criador do PSD, e contou com a ajuda destes três personagens para conseguir eleger sua mãe ministra do TCU.
O governador é apontado como nome provável em uma chapa presidencial para 2014.
Resta saber se a imagem de novidade na política não será afetada com a exposição de práticas atrasadas. / CRISTIANE SAMARCO e EDUARDO BRESCIANI Sociólogo vê Eduardo Campos como imperador a serviço das oliguarquias, por mais que tente se enganar