Por Cláudia Vasconcelos, no Jornal do Commercio A “lição de moral” dada pelo governador Eduardo Campos sobre o auxílio-moradia retroativo para ex-deputados estaduais parece ter constrangido alguns dos 52 beneficiários.

Em entrevista ao JC no domingo (1º), Eduardo, que em tese poderia ter solicitado a verba mas a recusou, disse não ser favorável ao pagamento. “Quando você fala com atitudes, é muito mais forte do que com palavras”, disse, na ocasião.

Questionados sobre a declaração, três ex-parlamentares dessa lista optaram por se calar, não sem demonstrar irritação.

Os três foram abordados após a cerimônia de posse da nova presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Teresa Duere.

O deputado federal João Paulo (PT), que recebeu R$ 17.708,76 divididos em três parcelas, aparentou desconforto ao ser indagado sobre o “pito” do governador. “Não vou falar, deixa a coisa caminhar.” O presidente da Agência Reguladora de Pernambuco, Roldão Joaquim, que é conselheiro aposentado do TCE e em cuja conta caíram R$ 15.356,49, alegou não ter lido a entrevista com Eduardo e desconversou. “Estava em São Joaquim do Monte e só voltei hoje (ontem)”, limitou-se a dizer.

Também ex-deputado da lista do auxílio, o secretário de Habitação do Recife, Sebastião Rufino (PSB), evitou confrontar o governador. “Não quero comparar minha posição com a dele.

Só sei que não somos os únicos a receber.” Referiu-se ao fato de o TCE e o Tribunal de Justiça terem autorizado o repasse do mesmo benefício retroativo.

Quem não se incomodou com a bronca foi o presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), que autorizou a liberação do auxílio em dezembro de 2010. “No dia em que eu ficar chateado com o governador, saio da política”, gracejou.

Garantiu estar “pronto” para responder às ações judiciais que devem surgir contra a decisão da Casa.

Até amanhã, a militante do PV Renê Patriota planeja propor ação popular na Justiça contra o benefício.

Ela está colhendo assinaturas de moradores do Coque e de Afogados, no Recife.

Desde outubro, ex-parlamentares de 1994 a 1997 recebem o auxílio-moradia retroativo a esses quatro anos.

Invocaram o princípio da isonomia entre os poderes para solicitar a verba, pois deputados federais tiveram direito a ela na época.