Sem querer criar arestas com PT e PSDB, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), dá nota dez ao primeiro ano da presidente Dilma Rousseff e defende as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. “Qualquer discurso caricato antiprivatização eu rejeito preliminarmente”, declara.

Cabral, 48, que teve suas ligações pessoais com os empresários Eike Batista (EBX) e Fernando Cavendish (Construtora Delta) escancaradas após acidente na Bahia em junho, se defende: “Nunca misturei relações pessoais com decisões públicas”.

Em entrevista no Palácio das Laranjeiras, ladeado por seus homens fortes –o vice-governador Luiz Fernando Pezão e o secretário da Casa Civil, Regis Fichtner–, Cabral faz um balanço do seu governo (sem dar nota).

Diz que a corrupção policial e o tráfico de drogas diminuíram.

Reconhece a “situação vexatória” na educação, mas promete melhora.

E avisa que José Mariano Beltrame é “candidato a secretário de Segurança até 2014”.

Folha - Qual a sua avaliação política do governo Dilma?

Sérgio Cabral- Confesso a minha total felicidade com o governo, como gestor.

Uma pessoa como a Dilma, uma mulher, que milhões de brasileiros passaram a conhecer durante o processo eleitoral, era uma incógnita.

Ela soube impor o estilo dela, avaliar o quadro internacional com muita serenidade, fazer o país avançar.

Manter os fundamentos macroeconômicos, fazer uma política fiscal dura como fez é de muita competência.

O primeiro ano da Dilma é nota 10.

Como o sr. enxerga a questão político-partidária de uma forma mais ampla?

Como o sr., que já foi do PSDB, analisa o impacto desse “Privataria Tucana” [livro que trata de supostos desvios de recursos durante privatizações do governo FHC]?

Acho uma bobagem esse discurso.

O presidente Fernando Henrique fez muito bem ao Brasil ao abri-lo para investidores nacionais e estrangeiros, ao permitir, no caso da exploração do petróleo e do gás, a entrada de empresas nacionais e multinacionais, acabando com o monopólio da Petrobras, acabando com o monopólio da Telebrás e abrindo para investidores nacionais e as telecomunicações.

Qualquer discurso caricato antiprivatização eu rejeito preliminarmente.

Esse momento internacional permite um discurso falso, demagógico e arriscado, de que o Estado é capaz de tudo.

Pelo contrário, o Estado precisa cada vez mais das parcerias público-privadas.

A aliança PT-PMDB é muito positiva para o Brasil, para a governabilidade.

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