Por Ferando Gabeira, em seu blog Cristina Kirchner tem câncer e será operada.
A notícia é divulgada algumas horas depois da previsão do INCA de que no Brasil haverá um milhão de novos casos da doença nos próximos dois anos.
Cristina é a quinta dirigente sul-americana a contrair a doença.
Mas isso não quer dizer nada de especial, porque outras profissões também apresentam altos índices.
Uma das saídas é a prevenção.
Nesse caminho, dois livros de David Servan-Schreiber, um médico francês, podem ser de alguma ajuda.
David teve câncer no cérebro e sobreviveu duas décadas com uma vida normal.
Explica isso no seu primeiro livro Ânticancer e mostra como desenvolveu um programa de mudança no estilo de vida.
No segundo livro, recém publicado “Podemos dizer adeus mais de uma vez” ele se concentra na preparação para morte, depois de ter tido uma vida produtiva e amorosa, duas décadas após a primeira operação.
Nem tudo que ele propõe como prevenção ao câncer será aceito com facilidade, sobretudo no capítulo da alimentação, em que condena até o pão com farinha branca.
Mas o sentido geral de seu livro é muito interessante.
Em primeiro lugar por mostrar que o diagnóstico de câncer, mesmo em regiões complexas como o cérebro não significa uma condenação à morte.
E também como a mudança de estilo de vida não só previne a doença como prolonga a vida.
O segredo está em estudar a experiência de David e extrair dela algumas conclusões que possam orientar campanhas educativas.
Todos têm no organismo um câncer à espreita, uma possibilidade de que as células se desenvolvam desordenadamente.
Nem sempre a prevenção evita, pois conheço inúmeros casos da doença de não fumantes com vida equilibrada.
Nem por isso, os cuidados devem ser subestimados.
O problema com as sugestões de David é que são muito facilmente colocadas no escaninho da vida alternativa, dos bicho grilos etc.
E por causa disso, rejeitadas.
Isso não impede que seus ensinamentos sejam utilizados parcialmente.
A supressão do tabaco hoje já um consenso.
Também é um consenso o combate ao stress, através de um equilíbrio entre trabalho e repouso, com a ajuda da música e da meditação.
O debate sobre a alimentação, como foi o debate sobre o tabaco no passado, ainda produz muitas divergências.
O princípio deve ser sempre o da liberdade individual de escolha.
Mas não custa nada avançar nos estudos, debater com franqueza e chegar a certas conclusões importantes, como se chegou no exame do uso da gordura trans e seus reflexos na saúde.
Em síntese, uma previsão como a do INCA, merece um debate em todos os níveis, do parlamento às escolas.
Como fazer para evitar que se cumpra na totalidade, como prolongar com qualidade a vida dos já diagnosticados com câncer?
Um programa de trabalho que pode dar resultado na America Latina uma vez que, através do diagõstico nos líderes, o tema se transformou em preocupação popular.