Apesar do ano fraco, com produção praticamente estagnada, a indústria brasileira conseguiu manter seu faturamento em alta em 2011.

Em alguns segmentos, como calçadista e de vestuário, a receita aumentou mesmo com a produção em queda.

Segundo fontes do setor, a principal estratégia para conseguir isso é o aumento do uso de insumos importados.

Otimista, Dilma espera crescimento de até 5% em 2012 Inflação pelo IPC-S tem maior alta desde setembro, diz FGV Com o real valorizado, as empresas aproveitam para importar componentes mais baratos, reduzindo seus custos e elevando o faturamento, diz o economista da CNI (Confederação Nacional da Indústria) Marcelo de Ávila. “Por outro lado, a demanda menor por insumos nacionais reduz a expansão do setor de bens intermediários, que tende a investir menos, entrando num ciclo vicioso de baixo crescimento.” Entre janeiro e outubro, o faturamento real da indústria cresceu 5,4%, aponta levantamento da CNI.

Já a produção subiu apenas 0,7%, de acordo com o IBGE.

No setor de calçado e artigos de couro, por exemplo, a produção acumula queda de 9,3% de janeiro a outubro, enquanto a receita subiu 20%.

Segundo o diretor-executivo da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Heitor Klein, hoje é uma prática disseminada na indústria calçadista a importação de itens acabados ou de partes de calçados que são então montados aqui. “Importar calçados desmontados é uma operação normal.

Há uma pequena etapa de industrialização local que tem impacto forte no faturamento, mas que afeta negativamente a produção e o emprego”, afirma.

A consequência desse processo de substituição de insumos nacionais por importados fica clara nos segmentos de vestuário e têxtil.

Enquanto o primeiro conseguiu elevar sua receita em 3,5% no ano mesmo produzindo menos, o segundo viu um forte recuo de 15% da sua produção, acompanhado da queda de quase 10% do seu faturamento.

Por trás desses números está a alta de 18% da importação de fibras sintéticas, por exemplo, que diminui os custos do setor de vestuário, mas reduz o mercado do têxtil.

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