Todas as Unidades de Saúde da Família do Recife foram vistoriadas pelo Cremepe.

Principais problemas encontrados foram a falta de estrutura e ausência de médicos O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) divulgou, na última segunda-feira (12), um relatório consolidado das fiscalizações realizadas nas Unidades de Saúde da Família (USFs) nos anos de 2010 e 2011.

O trabalho, intitulado de O Médico na Atenção Primária em Saúde: Um Olhar sobre as Unidades de Saúde da Família do Recife, visitou 121 unidades e analisou a dinâmica de 251 equipes. “O estudo é um olhar sobre o papel do médico, das suas rotinas e dos processos.

Não nos limitamos em realizar apenar uma fiscalização clássica nas unidades”, afirmou Helena Carneiro Leão, presidente do Cremepe.

Entre as principais conclusões apontadas no estudo estão: a estrutura dos imóveis é, geralmente, precária, com infiltrações e mofo, e não apresentam boa acessibilidade aos usuários e equipes, principalmente em dias de chuva. “Há algumas que são insalubres”, disse o médico fiscal do Cremepe, Otávio Valença.

As salas de espera, de acordo com estudo, são inadequadas (86%).

O acolhimento, instituído como dispositivo de organização da demanda no Recife, não conta com a presença de médico e não possui uma sala exclusiva em 77% das unidades.

Já a sala de atendimento pré-consulta é inexistente em 76% das USFs.

Um aspecto positivo apontado pelo trabalho foi a higiene das salas de vacinação.

A grande maioria delas (86%) teve bom desempenho nesse item, embora tenham apresentado outras falhas como a ausência de bancada para aplicação de vacinas em crianças e adolescentes, além de maca para adultos. “Apesar de as salas serem limpas, a rotina de esterilização é frágil.

Não há segurança na higiene dos materiais”, aponta Valença.

O funcionamento das farmácias é considerado bom, com estoque de medicamentos bem armazenado (50%).

Por outro lado, o preenchimento do prontuário médico, documento essencial tanto para o médico quanto para o paciente, é precário.

Quarenta e seis por cento são mal preenchidos. “Já presenciei um médico atender 40 pessoas em uma hora e meia”, revelou Valença.

A falta de profissionais nas unidades, segundo ele, dificulta o correto preenchimento do documento.

Além disso, há pouco vínculo entre médicos e comunidades, bem como pouca disponibilidade dos profissionais, de acordo com o estudo.

O secretário de Saúde do Recife, Gustavo Couto, esteve presente durante a apresentação do relatório e prometeu analisar as questões apontadas. “É preciso estreitar a relação entre prefeitura e entidades”.

Mas, segundo ele, uma houve uma melhora significativa nos últimos anos. “Há 10 anos precisávamos colocar unidades de saúde em todo lugar.

E fizemos.

Agora precisamos construir um padrão”, admitiu Couto.

O consenso entre entidades e prefeitura foi a criação de uma rede. “Sem complexo regulatório, dificilmente vamos dar certo”, concluiu Couto. “A construção de um sistema de rede é essencial”, finalizou Helena Carneiro Leão.

O estudo foi produzido pela equipe técnica do departamento de fiscalização do Cremepe, sob a orientação dos conselheiros José Carlos Alencar e Roberto Tenório, vice-presidente e 2º secretário, respectivamente. (Da Assessoria de Comunicação do Cremepe)