Por Edgar Andrade, especial para o Blog de Jamildo Não sou economista, mas entendo economia como ciência voltada para o bem estar das pessoas, para desenhar modelos que provoquem melhorias de qualidade de vida para todos.

Não sou sociólogo ou antropólogo, mas acredito que a cultura representa a principal ferramenta de elevação da auto-estima e pertencimento de um povo, e que seu comportamento e modo de viver o distingue de outras sociedades.

E as cidades são feitas de quê, se não de pessoas?

Segundo a UNESCO, precisamos investir na reconstituição dos valores culturais, pois são esses valores que mantêm as cidades vivas e habitáveis, proporcionando bem estar, trabalho e lazer.

A cidade é onde a criatividade e as relações humanas se fundem, é o ponto de encontro das diversidades culturais, que fortalecem o cidadão e promovem seu desenvolvimento econômico.

Não só contribuem para a vitalidade econômica como também para o seu reconhecimento internacional.

Não sou urbanista mas acredito que precisamos promover um amplo debate sobre a vida das nossas cidades, precisamos discutir a promoção de uma ousada e criativa reforma urbana em todo o País.

Que busque soluções urbanas que provoquem melhorias na vida das pessoas e que as estimulem a voltar às praças e parques, que voltem a ocupar os espaços públicos, que voltem a conviver com os vizinhos, que voltem a desejar bom dia nos elevadores.

Precisamos transformar nossas cidades e para isso, a Economia Criativa pode ser uma ferramenta de integração de diversas políticas públicas que envolvam educação, saúde, transportes, segurança, serviços públicos, e que ainda promovam um novo modelo de desenvolvimento sustentável, renovável, não poluente, que não depende de clima ou terreno, que não depende do processo formal de educação, e que remunera acima da média nacional.

Precisamos enfrentar hoje os desafios que nos colocarão em choque com os contextos urbanos e as transformações sociais, que tanto poderão nos colocar num cenário de vanguarda e desenvolvimento como numa realidade replicante de modelos vencidos de cidades sem mobilidade e sem vida.

Para isso, é imperativo que a iniciativa privada assuma sua responsabilidade, que o poder público invista na articulação entre os diversos setores organizados da sociedade, e que a Academia coloque seus pés na lama para pensar e construir soluções para os problemas que surgirão.

Vivemos um grande momento na economia do país e possuímos a maior diversidade cultural do mundo.

O que nos falta para transformarmos as oportunidades que surgirão nos próximos anos em negócios e desenvolvimento sustentável para os brasileiros?

O mundo do entretenimento se prepara para desembarcar no Brasil e eu pergunto, quem terá acesso aos quase 200 bilhões de reais que serão investidos no país em recursos vindos do exterior?

Como vamos tratar os turistas que vierem para a Copa das Confederações, Copa do Mundo, Copa América e Olimpíadas do Rio de Janeiro?

Além dos estádios, como será o acesso aos monumentos históricos, equipamentos públicos e praças?

Existirão museus e parques temáticos ou ecológicos atrativos ao turista?

Se não pensarmos em tudo isso o turista ficará preso ao trajeto hotel – estádio – aeroporto. É isso que queremos?

Não.

Os grandes eventos que acontecerão no Brasil podem estar na pauta prioritária do País, mas nós precisamos planejar o que faremos com os legados prometidos e como vamos pensar nossas cidades para os próximos 20 ou 30 anos.

Quais serão os problemas tecnológicos do futuro?

Como se constituirão as cidades e como será a dinâmica da mobilidade das pessoas nesse futuro?

Sendo ele o que desejamos ou o inevitável, precisamos construí-lo e reconstruí-lo a cada dia.

Proponho que você comece a projetar seu olhar para o futuro que desejar, e que comece a pensar em como vai fazer parte dele.

Onde e como você quer estar daqui há 20 ou 30 anos?

No meu futuro projetado, vejo a banda larga universalizada e os smartphones e tablets como principais plataformas de acesso a conteúdos culturais; vejo também os grandes anunciantes do mercado publicitário ampliando investimentos na produção desses conteúdos, gerando efeito cascata altamente positivo, proporcionando o surgimento de novos modelos de negócio; vejo nossos filhos e netos trabalhando com games, animação, nanotecnologia, robótica e gestão de redes sociais.

Acredito que viveremos um modelo de consumo por demanda, não por imposição.

Vejo Pernambuco como um dos principais polos criativos do Brasil, oferecendo ao país uma grande oferta de capacitação técnica, de pesquisas e formação universitária nas áreas da cultura.

Um verdadeiro centro de desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.

Esse futuro começa a se materializar no nosso Estado.

A Prefeitura do Recife reconhece o potencial da Economia Criativa incluindo algumas cadeias na Lei do Porto Digital.

O Governo do Estado lança o Programa Pernambuco Criativo ao mesmo tempo em que declara apoio ao Delta Zero, uma espécie de Porto Digital Criativo.

O Delta Zero é o projeto de polo criativo mais ousado do Brasil, será gerido pelo Instituto de Desenvolvimento da Economia Criativa, uma associação de empresários e empreendedores que, além contribuir com a execução das políticas públicas do Estado, prestará serviços a seus associados através de um Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento e uma agência de comercialização, entre outros.

Começará ocupando um espaço com 20 a 40 empresas, articulará a implementação de uma Escola Técnica Criativa e de um museu de referência internacional.

Esses são os primeiros passos.

Empresários investindo recursos próprios em parceria com o BNDES e com o apoio do Governo do Estado de Pernambuco.

Gerando sinergia para a geração de negócios e novos postos de trabalho.

Vou trabalhar para ajudar a construir o futuro que desejo para Pernambuco.

Qual o futuro da sua cidade e do seu estado?

Vamos projetar e construir futuros desejáveis.

Vamos moer!

Edgar Andrade, pernambucano, publicitário, consultor de economia criativa e otimista com o futuro do Brasil Criativo.