A tarde desta segunda-feira (12) foi de festa para os moradores do Alto José Bonifácio (Zona Norte do Recife). É que a comunidade agora não faz mais parte das regiões da Cidade que ainda terão que continuar na luta contra a filariose.

A Secretaria de Saúde, por meio do programa Xô Filariose, conseguiu erradicar a doença na comunidade e,por isso, os profissionais que trabalharam para esse sucesso receberam das mãos do secretário de Saúde, Gustavo Couto, certificados de reconhecimento pelas atividades executadas no local.

Além disso, também foram anunciados os números da doença na Cidade que representam uma redução de 99% do número de casos, passando dos 907 em 2003 para apenas quatro este ano, o que deixa a Cidade mais próxima da extinção da doença.

O evento aconteceu na quadra de esportes da comunidade e contou ainda com a presença do secretário Nacional de Vigilância à Saúde, Jarbas Barbosa.

O Recife tem mostrado resultados significativos no combate à filariose.

Comparando o ano de 2003 com 2011, foi observada uma redução de 99% dos casos, caindo de 907 para quatro portadores da doença.

Há oito anos, a prevalência era de 61 casos para cada 100 mil habitantes.

Atualmente, esta taxa é de 0,24 por 100 mil. “Ainda temos muito a fazer.

Este dia se torna muito importante para nós, uma vez que todo o avanço no combate à filariose se deve aos nossos profissionais, assim como às pessoas que abriram suas portas para nos receber e aderirem ao tratamento coletivo.

Antigamente, o Recife era uma cidade estigmatizada pela doença, pois era muito comum ver pessoas com filariose pelas ruas.

E isso se tornou um compromisso para nós.

Hoje estamos encerrando um processo aqui nesta comunidade, mas temos outras que ainda continuarão no tratamento, um universo de aproximadamente 97 mil pessoas”, disse o secretário de Saúde, Gustavo Couto, se referindo aos bairros da Linha do Tiro, Nova Descoberta, Santo Amaro, Ilha Joana Bezerra, Cabanga, Afogados, Mangueira, Mustardinha, Água Fria, Passarinho e Brejo de Beberibe.

O tratamento coletivo foi implantado no Município desde 2003, uma vez que no ano anterior houve uma reestruturação do Programa de Filariose (Xô Filariose).

O método se dá pela visita dos agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de saúde ambiental e controle de endemias (ASACES) ligados ao Programa Saúde da Família (PSF) nas residências.

Para que o trabalho surta o resultado desejado, a adesão dos moradores é fundamental na campanha.

Por isso, as pessoas devem receber os técnicos da Saúde em casa e, principalmente, tomar o remédio, um simples comprimido sem contra-indicações, com capacidade de interromper o desenvolvimento da doença.

Para a realização desse tratamento coletivo, as localidades foram escolhidas por meio da realização de um inquérito amostral (1999-2000) e o mapa de risco socioambiental da doença.

Durante quatro anos, a população do Alto José Bonifácio foi monitorada pelos profissionais da saúde e recebeu, regularmente, a medicação para prevenir a transmissão da doença. “Eu fui uma das pessoas que tomou, durante quatro anos, os remédios trazidos aqui na minha casa pelos agentes de saúde.

No começo não entendia e nem queria tomar um remédio sem estar sentindo alguma coisa.

Mas depois eu fui me acostumando e consegui entender a preocupação deles para a que a gente não pegasse essa doença que é horrível”, comentou a dona de casa Judite Silva, beneficiada pelo tratamento.

Após quatro anos de atividades foram feitas avaliações da situação da filariose, o que comprovou junto a OMS que a comunidade já não precisava mais seguir com o tratamento.

Por esse motivo, a Unidade de Saúde da Família do local certificada, assim como as equipes de saúde da família que colaboraram para a eliminação.

Contudo, a área ainda deverá permanecer sob vigilância nos próximos cinco anos. “Há dez anos já dizíamos que a filariose tinha jeito.

E a secretaria de saúde comprovou isso nesses últimos anos, graças ao apoio da população e ao empenho dos profissionais que acreditaram na causa.

Esperamos voltar aqui no próximo ano na expectativa de comprovar o encerramento do tratamento coletivo na Cidade inteira, o que nos deixaríamos muito felizes”, festejou o secretário Nacional de Vigilância à Saúde, Jarbas Barbosa.

A previsão da secretaria de Saúde é que em 2012 toda a Cidade já tenha encerrado com o tratamento coletivo, o que anteciparia em três anos a previsão do Ministério da Saúde que é para 2015.