Um grupo de internautas resolveu levar às redes sociais a indignação com o projeto de lei da vereadora Marília Arraes (PSB), que institui uma espécie de Lei Seca nas ruas do Recife.
O grupo fechado “Lei Seca de Marília Arraes - Eu digo não!” foi criado no Facebook nesta terça-feira (13) e até as 16h16 já contava com 262 membros.
Por falar em Facebook, é essa rede social que está servindo de palco para outra polêmica envolvendo a vereadora e seu projeto de lei.
Internautas denunciam que Marília está apagando comentários contrários ao texto que, nas palavras dela, trata sobre a “regulamentação de bebidas alcoólicas no Recife”.
Clique na imagem abaixo para vê-la ampliada: Nessa segunda-feira (12), os dois textos da vereadora voltaram para análise das comissões temáticas da Casa.
Leia abaixo a nota enviada por internautas que comenta a “censura” alegada: Marília Arraes censura debate sobre projeto de lei nas redes sociais Na última semana, a cidade do Recife foi surpreendida com a votação de quatro projetos de lei que, em seu conjunto, instituem um controle autoritário e antidemocrático do espaço público da cidade, ferindo os princípios básicos da liberdade, da autonomia dos indivíduos e da convivência cidadã.
São eles os PLs da vereadora Marília Arraes, que proíbem o consumo de bebidas alcoólicas nas vias públicas, e o do vereador Sérgio Magalhães, que proíbe manifestações políticas e culturais na Avenida Boa Viagem.
Preocupados com o impacto negativo que essas proibições provocariam, não só nos hábitos de lazer mas na liberdade política dos cidadãos do Recife, um grupo de pessoas – incluindo professores e pesquisadores que trabalham com os temas tratados nos referidos projetos – abriu um debate com a vereadora Marília Arraes, por meio do Facebook.
Inicialmente reticente, a vereadora logo se disponibilizou a debater diretamente com o grupo e, na manhã de ontem, recebeu alguns de nós (Ana Paula Portella, Suzana Ploeg e Raíza Cavalcanti) em seu gabinete.
Tendo ouvido os argumentos do grupo, a vereadora comprometeu-se a continuar o debate de modo que se pudesse chegar a um acordo na redação dos PLs, sem ferir nem a liberdade, nem a democracia.
Surpreendentemente, porém, na noite de ontem, a vereadora editou todo o debate feito em sua página no Facebook, mantendo apenas as opiniões favoráveis ou criando contexto de ambiguidade a partir da exclusão de alguns comentários necessários à compreensão de outros; mais grave ainda, bloqueou a maior parte das pessoas que expressaram uma visão crítica e fundamentada sobre o Projeto – entre as quais, Ana Paula Portella e Suzana Ploeg, presentes no gabinete da vereadora.
Através de uma atitude extremamente autoritária, a vereadora optou por não continuar a conversa e, pior, por retirar da sua página poderosos ataques ao Projeto, inclusive no que diz respeito à interpretação dos dados da pesquisa da SDS, na qual referido PL se baseia.
As pessoas envolvidas na discussão que foram sumariamente bloqueadas, em sua maioria, são profissionais da área das ciências humanas que estão preocupados não com a desmoralização da vereadora, mas preocupados com a prática da democracia, apresentando as fragilidades do PL e seu potencial de tornar-se uma lei pouco eficiente, nada democrática e prejudicial aos cidadãos do Recife, especialmente aos de baixa renda, faixa da população sempre mais penalizada por atitudes autoritárias e elitistas dos governos.
Através desta nota, busca-se deixar registrado o repúdio de um grupo coerente ao comportamento da vereadora Marília Arraes, bem como ratificar o posicionamento CONTRA essa lei que, racional e estatisticamente, em nada contribui para a redução da violência, nem do consumo do álcool, tampouco “melhora as relações sociais” dos cidadãos do Recife.
Todos os comentários dirigidos à página da vereadora Marília Arraes foram salvos e os autores estão dispostos a divulgá-los, visto que se trata de argumentos bem construídos, apresentando as principais falhas e a imensa fragilidade do PL 130/2011.